terça-feira, 13 de março de 2018

CASO MARIAH: Mãe clama por justiça e pede que polícia esclareça morte de filha de 2 anos e 4 meses em Garanhuns

Dayane Salvador e a pequena Mariah:
Mãe clama por Justiça

A perda precoce de um filho pequeno é, sob quaisquer circunstâncias, um drama familiar difícil de se superar, mas essa tarefa torna-se dolorosa, e praticamente impossível, quando a mãe da criança vê fortes indícios de que a morte de seu ente querido, inicialmente narrada como uma fatalidade, possa ter sido na verdade um crime cometido contra uma menina de dois anos e quatro meses. Quem vive essa angústia é a enfermeira Dayane Maria Melo Salvador Meira de 27 anos. Há um ano e cinco meses ela espera que a Polícia Civil conclua o inquérito e esclareça se o caso que envolveu a morte de sua filha tratou-se de acidente doméstico ou um assassinato. Durante todo esse tempo ela tem vivido dias difíceis sem ter uma certeza do que aconteceu. 

Na época da morte da pequena Isis Mariah, Dayane estava cursando o último período do curso de Enfermagem em Caruaru e precisava ficar a semana toda naquela cidade porque estava em estágio supervisionado da faculdade. Durante os dias de ausência de Garanhuns, a enfermeira entregava a pequena Mariah aos cuidados de sua cunhada, (tia da menina) que morava no bairro do Indiano, em Garanhuns, mas, no dia 25 de outubro de 2016, enquanto Dayane estava em Caruaru, Mariah deu entrada no Hospital Dom Moura já em óbito. Segundo a mulher que cuidava da menina, seu filho de um ano e nove meses teria derrubado um ferro de passar na cabeça da menina

Ainda segundo a tia, o acidente teria acontecido na tarde do dia 25 de outubro e a menina só começou a passar mal à noite quando foi levada para o Dom Moura.. Mas, em um vídeo que vem sendo compartilhado centenas de vezes nas redes sociais, Dayane diz ter dúvidas sobre essa versão e pede que a polícia e o Ministério Público acelere as investigações para esclarecer o que de fato aconteceu. "Trazer tudo isso à tona de novo gravando esse vídeo aumenta sim minha dor, mas infelizmente foi necessário. Viver sem ter uma certeza do que aconteceu talvez seja pior. Sei que não trará minha filha de volta, mas lavará minha alma,"disse a mãe de Mariah em entrevista ao V&C. 

As dúvidas de Dayane aumentaram depois que, segundo ela, laudos contrariaram a versão apresentada pela tia da menina. No vídeo compartilhado nas redes sociais, ela diz que um desses laudos apontou um abuso sexual. Em conversa com o blog, a enfermeira confirmou a informação e deu detalhes. "Um dos laudos apontou abuso sexual com informações bem precisas sobre isso", disse. Dayane também revelou que no IML viu marcas no corpo da filha que a deixaram intrigadas. "Vi uma marca grande no meio da testa, um hematoma bem roxo no supercílio esquerdo e uma fratura grande na cabeça", revelou.  

Apesar do resultado dos laudos, a enfermeira não quer acusar ninguém sem que haja a conclusão do inquérito. "Tenho minhas convicções, mas deixo pra polícia investigar e o MP fazer o trabalho dele, caso haja evidências de que o aconteceu não tratou-se de um acidente doméstico. Quero a certeza do que houve, não por suposições infundadas, mas através de provas técnicas colhidas pela polícia em embasadas pelo Ministério Público",  salientou a mãe de Mariah. Ela conversou com o blog V&C na tarde desta segunda-feira, 12 de março, onde falou sobre uma caminhada marcada para o próximo dia 16 pelas ruas de Garanhuns, sobre sua saudade de Mariah, e de sua vontade de que as autoridades deem uma solução final ao caso de sua filha. Abaixo os principais trechos da conversa. 

 Antes dessa fatalidade, você já tinha notado algum comportamento estranho na sua filha algum sinal de mal trato?

Ela vinha sem querer ir pra casa da tia. Estava muito resistente a ir pra lá. Não queria mesmo. Por umas duas vezes eu vi alguma marca em minha filha, mas eu jamais suspeitei de maus tratos. Realmente imaginei ser coisa de criança. Minha filha era muito ativa, talvez fosse isso, era o que eu imaginava. Jamais deixaria minha filha em algum local em que eu suspeitasse  que ela estava sendo mal tratada.

Já no velório você desconfiou não se tratar de um acidente doméstico ou só depois que saíram os laudos?

No velório eu não pensei nada. Não tinha condições. Mas depois eu lembrando de ter visto algumas marcas no corpo da minha filha, fiquei muito intrigada.  Após os laudos eu vi que aquilo tudo não se tratava de acidente doméstico

Onde você estava quando recebeu a notícia da morte de sua filha? Quem te avisou?

Estava em casa em Caruaru  me arrumando pra ir pra o estágio. Vi algumas mensagens de uma vizinha daqui de Garanhuns que perguntavam se eu tinha falado com minha mãe recentemente,  se minha mãe tinha ligado pra mim. Foi aí eu desconfiei que algo estava acontecendo. Liguei pra minha mãe na hora e ela já estava a caminho do IML  e me contou.

Em que momento depois da morte você teve contato com sua cunhada e qual a versão que ela te deu para o ocorrido?

Tive contato ainda no velório, mas não perguntei nada, como falei, não tinha condições emocionais pra nada. Alguns dias depois, ela foi até a casa dos meus pais e deu a mesma versão que deu a polícia.  Que meu sobrinho tinha jogado um ferro de passar na cabeça de minha filha, que tinha ficado tudo bem e ela tinha passado gelo e que à noite ela encontrou minha filha tendo uma convulsão e correu pra socorrer, pedindo ajuda a uma vizinha e levando pra o hospital

 Você teve acesso aos laudos? São conclusivos?

Tenho pouco acesso aos documentos. O que eu fico sabendo é o que meu advogado e a polícia me passam. Até onde eu sei já saíram os definitivos.

A que você atribui essa demora da polícia na conclusão do inquérito?
  
Eu creio que a demanda é muito grande. Que talvez os métodos utilizados por eles exijam um tempo maior. A linha de investigação talvez exija um tempo maior. Mas de toda forma tá muito demorado.  Um ano e 5 meses é muito tempo. Eu acho que tudo está andando lento demais. Por isso peço celeridade aos responsáveis por dar um desfecho ao caso da minha filha para que finalmente eu possa seguir minha vida em paz e sabendo da verdade.

 Há indícios por parte da polícia que comprovem ter se tratado de um crime e não de um acidente doméstico?

O que eu sei é o que todos sabem. Não me contam nada a mais

O que te levou a dar publicidade a esse seu sofrimento nas redes sociais?  Como nasceu a ideia dessa caminhada?

A idéia foi justamente pra deixar todos cientes dessa demora e pra que haja uma maior mobilização das autoridades. Será no dia 16, próxima sexta às 8 horas da manhã. Vamos levar cartazes, faixas. A concentração será em frente ao fórum localizado na Rui Barbosa. De lá seguiremos em passeata até o centro da cidade em um ato de repúdio, clamando por justiça. É  bom registrar que  essa iniciativa, bem como a gravação do vídeo, tem o apoio irrestrito da Secretaria da Mulher do município de Garanhuns, a quem quero deixar meus mais sinceros agradecimentos.

Um ano e cinco meses depois da morte de Mariah como é que você ta se sentindo hoje?

A sensação é terrível. Minha filha era o amor da minha vida. Era o meu bem mais precioso. Éramos extremamente apegadas. Ela era muito apegada a mim. Não ter minha filha comigo é a pior dor que eu poderia sentir em toda minha vida. É uma tristeza que não se mede. Uma coisa surreal. Inexplicável.  Pior sensação que uma mãe pode sentir. Um luto de uma mãe não se acaba

Qual foi o momento  mais difícil pra  você?

Ver minha filha no IML e saber que não tinha mais nada a se fazer. Não poder mais pegá-la no colo. Eu até pedi, mas não deixaram.

Que boas lembranças você guarda de Mariah, tem algum momento especial?

O último sábado que passamos juntas. Passamos o dia inteiro coladas. Já na sexta ela me esperou chegar de Caruaru umas 11 e meia da noite, ela estava acordada ainda. Isso era muito raro. E no dia seguinte ela passou o dia inteiro muito grudada comigo. Parecia que adivinhava algo

 Como você tem feito pra superar essa dor e ausência de sua filha? Onde busca forças?  

Busco forças em Deus em primeiro lugar e depois em minha outra filha. Ela tem sido minha verdadeira razão de continuar. Meu esposo também me dá muita força e meus pais. Mas minha filha é meu maior motivo aqui na terra pra continuar vivendo

Você faria alguma coisa diferente em relação a ela se tivesse outra chance?

Com certeza. Abandonaria qualquer coisa pra não deixar minha filha sob os cuidados de ninguém. Quando eu digo ninguém, me refiro a ninguém mesmo.

CONFIRA O VÍDEO GRAVADO POR DAYANE SOBRE O CASO ( créditos, Blog do Faguinho)






SOBRE A CAMINHADA DO DIA 16 DE MARÇO



  

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