sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Projeto inédito de educação climática “Mulheres Quilombolas Rumo à COP-30” começa neste fim de semana, na Comunidade de Estivas, em Garanhuns

 


Ciclo formativo vai passar por todas as regiões do Brasil, visando o debate de temas que estarão presentes no mais importante evento internacional sobre o clima_


Com o intuito de ampliar o conhecimento e fortalecer as políticas de enfrentamento às emergências climáticas, o Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) promovem a primeira etapa do processo de formação “Mulheres Quilombolas Rumo à COP-30”. Ao todo, estão sendo realizados três encontros formativos, no Espaço Multicultural Dona Mira, que fica na Comunidade Quilombola de Estivas, em Garanhuns (PE), nesta sexta (11/10), sábado (12/10) e domingo (13/10).


Este é o começo de uma jornada com cinco formações ao todo, que acontecerão em cada uma das regiões do Brasil, fortalecendo lideranças quilombolas com foco em mesas de debate presentes no mais importante evento internacional sobre o clima, — a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30) acontecerá em novembro de 2025, em Belém (PA). As discussões serão iniciadas no Agreste Pernambucano com um grupo de 25 mulheres e a expectativa é que as participantes sejam multiplicadoras do conhecimento adquirido ao longo dos três dias de conteúdo programático presencial.



Os assuntos das aulas foram definidos em conjunto com as mulheres quilombolas, e vão perpassar pelas seguintes temáticas: “Política Climática Internacional e COP 30: caminhos para incidência efetiva; Soluções para a crise climática baseadas no capital: como reconhecer ameaças e oportunidades; e Programa de Proteção para Defensores de Direitos Humanos e Acordo de Escazú: Proteção para as defensoras da terra e território”. Em até um mês após o ciclo formativo as participantes deverão apresentar um plano de ação em incidência política baseado nos tópicos abordados durante os encontros.


A partir de ações como esta, o CBJC tem atuado para responder e reverter desigualdades oriundas da crise climática junto à população negra nos territórios mais afetados. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 7,6 mil comunidades quilombolas, localizadas em 1,7 mil municípios, sendo a maioria destas no Nordeste. Em Garanhuns, estão registradas e certificadas seis comunidades junto à Fundação Cultural Palmares (FCP), são elas: Estivas, Castainho, Timbó, Caluête, Tigre e Estrela.


“Estamos fazendo essa formação para as coordenadoras e os territórios quilombolas relacionados à CONAQ com o intuito de fortalecer a incidência política dessas mulheres na COP 30. Elas já possuem uma grande trajetória em processos da política climática internacional. Nesse sentido, nosso objetivo é potencializar esse conhecimento agregando informações. Vamos levar esse processo educacional para as 05 regiões do país. Começar pelo nordeste foi uma grata surpresa, visto que nosso primeiro território quilombola visitado será o Quilombo de Estivas na zona rural de Garanhuns, a qual está a apenas 3h de Recife, capital brasileira mais ameaçada pelas mudanças climáticas de acordo com o IPCC”, destaca Anne Heloíse, que atua como Coordenadora do eixo de Educação Climática do CBJC.



CBJC - O Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC) é uma organização nacional da sociedade civil dedicada às temáticas da população negra na agenda climática. A sua missão é ampliar o debate público e influenciar políticas públicas de justiça climática e equidade racial a nível local, regional, nacional e internacional.


CONAQ - Trata-se de uma organização de âmbito nacional, sem fins lucrativos, que representa a maioria dos(as) quilombolas do Brasil. Da CONAQ participam representantes das comunidades quilombolas de 23 estados da federação. Os objetivos da coordenação são lutar pela garantia de uso coletivo do território, pela implantação de projetos de desenvolvimento sustentável, pela implementação de políticas públicas levando em consideração a organização das comunidades de quilombo; por educação de qualidade e coerente com o modo de viver nos quilombos; o protagonismo e autonomia das mulheres quilombolas; pela permanência do (a) jovem no quilombo e acima de tudo pelo uso comum do Território, dos recursos naturais e pela em harmonia com o meio ambiente.

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