Emanuele Victória Pereira Negromonte, de 18 anos, "adotada" quando criança pelos criminosos conhecidos nacionalmente como canibais de Garanhuns, recorreu à Justiça para retirar da certidão de nascimento o nome do assassino envolvido no caso que a registrou como sendo seu pai. Jorge Negromonte da Silveira e suas duas comparsas ficaram ilegalmente com Emanuele após matar e esquartejar a mãe biológica dela. O trio foi condenado por assassinar e vender carne humana dentro de salgados em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco.
Ao GLOBO, o advogado Gilmar Soares, que representa Emanuele, disse que já entrou com a ação e aguarda o deferimento do pedido pela Vara de Jaboatão dos Guararapes. A jovem também está em acompanhamento psicológico.
— Ela (Emanuele) pediu porque sofreu bullying por a associarem a eles. Chamam ela de canibal. Quando ela foi para um abrigo de menores, sofreu lá também, sendo que o fato aconteceu quando ela tinha 2 anos e ela foi vítima — disse o advogado.
Mãe assassinada
Emanuele vivia na casa dos acusados — Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina de Oliveira da Silva — em Garanhuns, a 230 km de Recife, quando foi encontrada pela polícia após o caso de canibalismo ser descoberto, em 2012.
Jéssica Camila da Silva Pereira a mãe da jovem morreu aos 17 anos. Ela desapareceu em 2008, em Olinda (PE), e investigações da polícia apontaram que Jorge Negromonte teria comido partes do corpo dela.
Os restos mortais de Jéssica foram encontrados enterrados no quintal de uma casa em Olinda, que o trio morou antes de se mudar para Garanhuns. Emanuele também se alimentava de carne humana quando era ofertada pelos adultos da casa depois de supostos rituais de “purificação” da seita que mantinham.
Em 2012, Emanuele foi submetida a um exame de DNA para comparar os genes com o pai e o irmão de Jéssica Camila e ficou provado o parentesco. Depois da comprovação, a menina que estava em um abrigo de crianças foi levada para morar com a tia-avó.
Quem são as 'canibais de Garanhuns'?
Em 2012, Jorge Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva foram acusadas de matar duas mulheres e manter os corpos das vítimas no quintal da residência em que moravam. Eles usavam a carne humana das vítimas para rechear os salgados que vendiam em Garanhuns.
Os crimes praticados pelo trio, que atraíam as mulheres com ofertas de emprego, só foram descobertos após eles utilizarem o cartão de crédito de uma das vítimas, que tinha sido dada como desaparecida
Além da venda da carne e consumo próprio da mesma, os três participavam de uma seita, chamada Cartel, que pregava a purificação do mundo e a diminuição populacional. Jorge e Bruna Cristina foram condenados a 71 anos de prisão, enquanto Isabel recebeu pena de 68 anos, em regime fechado.
Isabel e Bruna estão na Colônia Penal Feminina de Buíque, já Jorge Beltrão está na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá.
DO O GLOBO
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