Segundo a promotora, no processo é descrito como os acusados preparavam a carne de suas vítimas para o consumo. Primeiro, retiravam o sangue do corpo e, depois, a preparavam as partes consideradas nobres como se fosse carne bovina.
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- Esse processo é horrendo. Eu vou lendo, rezando, levantando, tomando uma água para conseguir continuar lendo. A coisa é feia. É a segunda vez que estou lendo (o processo). Na primeira vez, quase enlouqueci - contou ela.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, de 52 anos, Isabel Cristina da Silveira, de 53, e Bruna Cristina Oliveira da Silva, de 27, são acusados de homicídio quadruplamente qualificado, vilipêndio (desrespeito ao corpo) e ocultação de cadáver. O crime teve requintes de crueldade: partes do corpo foram ingeridas pelo trio e os restos mortais cimentados numa parede.
Segundo a promotora, no processo é descrito como os acusados preparavam a carne de suas vítimas para o consumo. Primeiro, retiravam o sangue do corpo e, depois, a preparavam as partes consideradas nobres como se fosse carne bovina. As partes do cadáver consideradas “impuras” pelo trio - membros inferiores e superiores - eram emparedadas.
- A gente fica pensando: como o ser humano pode chegar a isso? É tudo muito mórbido. É a coisa mais torpe que já vi até hoje, em 12 anos de júri - disse Eliane. Uma das provas a ser apresentada pela acusação é um caderno onde Jorge Silveira desenhava como seriam os crimes que praticaria com os cúmplices, intitulado “Livro do Esquizofrênico”. Foram feitas cópias das páginas e elas serão distribuídas aos jurados. Os desenhos, segundo o Ministério Público, foram feitos antes dos crimes, o que comprova a premeditação.
- É como se a ficção tivesse passado para a realidade. Ele desenhava como se fosse um ritual de magia negra. Agora, é importante frisar que os acusados foram submetidos a exame de sanidade mental e foi constatado que eles não são loucos. Sabiam do caráter ilícito do que faziam. Tinham discernimento - afirmou a promotora.
Além do caderno, haverá depoimento de testemunhas. Uma delas contou ter sido atraída para a casa onde o trio morava com a promessa de conseguir um emprego - a mesma tática foi usada com Jéssica. Mas a testemunha acabou ficando desconfiada e desistiu de conseguir a suposta vaga. Durante o julgamento, o Ministério Público pretende deixar claro qual a participação de casa acusado nos crimes: Jorge Silveira é apontado como mentor, Bruna seria seu braço direito e Isabel atrairia as vítimas.
Grupo ficou com filha da vítima
Depois da morte de Jéssica, os três acusados ficaram com a filha da jovem, à época com 1 ano. Jorge criava a menina como se fosse sua filha - ela também era alimentada com carne humana - e era chamado de pai por ela. A garota foi encontrada na casa do trio pela polícia. Na ocasião, ela ajudou os peritos a encontrar os restos mortais de Jéssica. - Ela apontou onde a mãe estava (na parede) - contou Eliane Gaia. Depois da prisão dos acusados, a garota, então com 4 anos, foi encaminhada ao Conselho Tutelar e hoje vive com uma tia de Jéssica.
Outras mortes
Além do assassinato de Jéssica, em Olinda, Jorge, Isabel e Bruna respondem por outras duas mortes, em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. O desaparecimento de Giselly Helena da Silva, de 21 anos, e Alexandra Falcão da Silva, de 20, foi, inclusive, o que fez com que o trio começasse a ser investigado. O crime deu origem ao apelido aos acusados.
De acordo com a promotora Eliane Gaia, as buscas por outras vítimas do trio continua em Pernambuco e em outros estados do Nordeste por onde Jorge, Isabel e Bruna passaram. O trabalho tem como base registros de ocorrência de pessoas desaparecidas em circunstâncias semelhantes às das vítimas confirmadas. A suspeita é de que o trio tenha matado pelo menos oito mulheres.
Seita para purificação
O caso dos canibais de Garanhuns chocou o Brasil na época em que os suspeitos foram presos, em abril de 2012. O trio afirmou fazer parte de uma seita chamada Cartel que, segundo eles, queria purificar o mundo - a ingestão de carne humana tinha esse objetivo - e fazer um controle populacional.
Na época, os policiais civis responsáveis pela investigação descobriram que os suspeitos usavam carne humana também para rechear salgadinhos que Isabel vendia pelas ruas de Garanhuns. Além disso, disso inquérito revelou que os acusados viviam num triângulo amoroso.
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