quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Bruna é última ré a depor e julgamento de canibais só será retomado na manhã desta sexta (14/11)

Eu estava lá no meio e via tudo, mas não gostava do que fazia, disse Bruna / Fotos: Hélia Scheppa
Eu estava lá no meio e via tudo, mas não gostava do que fazia, disse BrunaFotos: Hélia Scheppa
Tranquila e falando em tom de naturalidade sobre a morte da moradora de rua Jéssica Camila da Silva Pereira, 17, a acusada Bruna Cristina, 28 anos, contradisse, no fim da tarde desta quinta-feira (13), o que foi dito no interrogatório dos outros réus, Jorge Beltrão, 52, e Isabel Cristina, 53. Ao contrário do que eles haviam afirmado, segundo Bruna, a filha de Jéssica, de 1 ano, não viu a mãe sendo morta nem comeu a carne dela. Bruna ainda negou ter assassinado a vítima, mas confessou ter ajudado a segurá-la com Isabel, antes de Jorge desferir a facada no pescoço que a matou.

"Eles traziam as vítimas, não era eu que trazia. Eu estava lá no meio e via tudo, mas não gostava do que fazia. Não me acostumei e queria que aquilo acabasse, mas eu não tinha como fazer aquilo acabar. Hoje, eu me sinto uma pessoa livre, apesar de ser presa", respondeu Jéssica a um dos sete jurados, que pela primeira vez no julgamento indagou um réu.


Durante a sua fala, que durou mais de uma hora, Bruna provocou risadas na plateia, pelo seu jeito de relatar o crime e a convivência com os outros acusados. "Jorge falou que, se matasse, tinha que comer, porque estava na Bíblia. Mas eu revirei a Bíblia de um canto a outro e não tem isso em lugar nenhum", afirmou. Outro momento foi o que a juíza questionou se ela havia feito coxinhas com carne humana e a acusada respondeu: "Está repreendido!", disse. A promotora  Eliane Gaia chegou a pedir que ela tratasse o júri com seriedade.


Questionada, Bruna admitiu que já foi agredida por Jorge (foto)
Jorge Beltrão Negromonte
A acusada contou que o objetivo inicial de Isabel era de sequestrar a filha de Jéssica, um bebê de um ano à época, depois de conhecê-las em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. No entanto, sem conseguir, acabou levando Jéssica para casa e falsificou os documentos usando Bruna, já que as duas tinham idades próximas. De acordo com o relato dela, depois os homicídios aconteceram.

Bruna afirmou ter ficado aterrorizada e arrependida pelos crimes, mas alegou não ter denunciado por amor a Jorge e medo de tornar-se vítima. "Amava muito ele, ele foi meu primeiro homem, meu primeiro namorado", disse.

Bruna ressaltou que Jorge tem problemas mentais, enfatizando o fato de ter ido à perícia do INSS com ele. Porém, acabou admitindo que não. "Do jeito que ele orientou a senhora, a senhora acha que ele é doido?", questionou Eliane Gaia. Após uma pausa, a ré disse que não.


Durante a toda a sua fala, ela colocou a culpa nos outros dois. "Isabel não tinha documento falso, mas em compensação fazia estelionato com o rosto"

"Quem determinou a morte de Jéssica foi Isabel, porque ela (Jéssica) queria sair de casa. Elas duas estavam brigando quando eu e Jorge descemos para ver o que estava acontecendo. A criança [filha de Jéssica] ficou lá em cima. Não viu nada nem os crimes de Garanhuns", disse. O trio é acusado de outras duas outras em Garanhuns e ainda será julgado pelos crimes.

JÚRI É SUSPENSO: JUÍZA, ADVOGADOS E PROMOTORA COMENTAM 1º DIA


A audiência desta quinta foi suspensa  por volta das 19h30min a pedido das partes. “Esse primeiro dia foi muito positivo para o Ministério Público. Houve contradições naturais nos depoimentos dos réus, mas eles confessaram todos os crimes. Eles tinham adotado a linha de não falar nada na audiência anterior, mas hoje resolveram falar e contaram as verdades deles. Tenho confiança na condenação", disse a promotora Elaine Gaia. 

“Hoje foi bom porque Bruna falou a verdade e a tese da defesa é para atenuar a pena por ela estar sendo sincera", disse o advogado dela, Rômulo Lyra. “A avaliação é positiva com a confissão dos acusados, porque a gente não tinha ouvido ainda eles. E amanhã [sexta] vou pedir a retirada de agravantes e uma semi-imputabilidade, o que reduziria a pena de Jorge, pois ele não seria um louco, como diz o laudo, mas tem histórico de esquizofrenia", comentou a defensora pública Tereza Joacy.
“Analisando e somando as informações dos depoimentos de hoje, a defesa está convicta da tese de defesa e a Isabel será inocentada. Vamos usar a tese de coação moral irresistível, que a exime da culpa, pois praticou o crime sob estado de coação, ou seja, não é responsável pelo ilícito", disse o advogado Paulo Sales.

G1/NE10

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