Famílias voltam a ocupar terreno de 370.240 metros em Garanhuns |
Cerca de 400 famílias de sem-teto voltaram a ocupar um terreno particular, pertencente aos herdeiros de José Maurício da Silva Filho, localizado próximo ao Santuário Mãe Rainha em Garanhuns. O movimento é realizado pela Associação Luta Pela Terra e foi denominado " Ocupação Canaã". O local já havia sido invadido pelo mesmo grupo em agosto de 2014, mas os proprietários entraram com um pedido de reintegração de posse na Justiça e as famílias foram retiradas pela PM em 10 de dezembro no ano passado. A ação teve o acompanhamento do Ministério Público.
Quase dois meses depois da reintegração ser efetivada, o impasse continua. Segundo os desalojados, os compromissos das autoridades assumidos naquele triste dia não foram cumpridos. "Nos prometeram que não derrubariam nada e nos dariam pelo menos 15 dias até constituirmos um advogado, mas, na manhã seguinte à desocupação, uma máquina pôs abaixo 12 casas que haviam sido erguidas no local. Disseram que algumas famílias iriam para um abrigo até a situação ser resolvida, mas uma mulher foi despejada com seus humildes móveis no meio da rua, disse uma integrante do movimento"
Polícia efetuou reintegração de posse no Sítio Queimadas em 10 de dezembro de 2014 |
Em entrevista à Rádio Jornal final do ano passado, a secretária de Assistência Social de Garanhuns , Célia Sobral, afirmou que a prefeitura está realizando o acompanhamento das famílias e que elas serão incluídas em futuros programas de moradia coordenados pelo município. "Quase todas as famílias recebem remuneração oriunda de programas sociais do Governo Federal. Algumas ganham 300 reais e com esse dinheiro muitos podem pagar um aluguel. Para aqueles que não podem, estamos empenhados em encontrar uma solução para o problema juntamente com o Ministério Público", frisou a secretária. Entretanto, as famílias da Ocupação Canaã parecem querer muito mais do que um simples acompanhamento do poder público e, a julgar pela nova ocupação, estão dispostas a lutar por um objetivo maior que é ter um teto para chamar de seu. A intenção dessa nova invasão, segundo seu líderes, é pacífica e pretende estabelecer o diálogo com o Município e o Governo do Estado para que um dos dois entes federativos intermedeie uma negociação entre os sem-teto e os proprietários das terras. "Uma de nossas principais reivindicações é no sentido de que o prefeito se disponha negociar todo o terreno e o repasse em lotes às famílias. Não queremos tomar terras de ninguém. Estamos dispostos até a pagar uma prestação fixa por mês ao proprietário ou ao poder público, se for o caso, para que possamos exercer o direito a uma necessidade básica do ser humano que é ter uma casa para morar" disse uma integrante da ocupação com a qual nossa reportagem conversou.
A nova ocupação das terras próximas do Sítio Queimadas, que é o verdadeiro nome do lugar, iniciou-se no dia 25 de janeiro de 2015 e já dura 10 dias. Os proprietários entraram com um novo pedido de reintegração de posse e o juiz titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Garanhuns, Márcio Bastos Sá Barreto, concedeu liminar favorável aos donos e determinou ao 9º BPM que, em data ainda a ser marcada, cumpra o mandado de desocupação do terreno, O magistrado ainda enfatizou na liminar que aqueles que forem identificados como tendo feito parte da reintegração anterior, ocorrida em 10 de dezembro de 2014, sejam autuados em flagrante por desobediência. "Não estamos sozinhos nessa luta. Lideres de outras regiões e até de outros estados estão dispostos a nos ajudar, caso haja prisões. Não somos marginais para sermos presos e julgados como bandidos, por isso nossa luta não pode ser tratada como caso de polícia. Se a questão não for resolvida no município iremos ao Governo do Estado e, se preciso for, marcharemos até Brasília", concluiu um integrante da Ocupação Canaã.
Enquanto o impasse não tem um novo desfecho, os sem-teto se organizam e esperam ser recebidos pelo prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, a quem vão expor o problema. Eles contam ainda com a simpatia do vereador Gil PM, que prometeu tentar intermediar um encontro entre as famílias e o chefe do Poder Executivo garanhuense.
Foto mostra rotina diurna no terreno ocupado próximo ao Mãe Rainha |
Clique AQUI e relembre como foi a reintegração de posse ocorrida em 10 de dezembro de 2014 no terreno próximo ao Santuário Mãe Rainha.
O fato de receberem "algum" benefício social não mostra que essas pessoas podem pagar aluguel, até porque aqui em Garanhuns alugar uma casa por 300 é meio difícil, e fora que a prefeitura de Garanhuns deveria pensar programas de auxílio a moradia, pois ninguém invade um terreno porque acha isso bom.
ResponderExcluirE interessante a visão do juiz, pelo jeito a cadeia pública de Gus vai lotar(ops! Já está lotada), pois ao que parece, são as mesmas pessoas da ação anterior.