domingo, 19 de abril de 2015

REVIRAVOLTA: Pernambucana matou filho autista com sorvete envenenado em Fortaleza, diz polícia

Ela tentou matar o marido, sub-tenente do Exército, envenenado e simular suicídio dele. A polícia suspeita que motivo seja seguro de R$ 150 mil e pensão de R$ 4 mil que ela ganharia. Caso foi exibido neste domingo no Fantástico


Um caso assustador: um menino de 9 anos, autista, morto com chumbinho no sorvete de morango. O crime aconteceu em Fortaleza. O pai era considerado o principal suspeito de envenenar o próprio filho. Mas esta semana as investigações levaram a uma reviravolta no caso.
“Pelo amor de Deus, mande uma ambulância para cá. Ele está no chão agonizando. Meu filho está no quarto agonizando do outro lado”, quem faz esse apelo é uma mãe, aparentemente, transtornada. Passava das 3h da manhã do dia 12 de novembro do ano passado, quando Cristiane Coelho ligou para a polícia.               

“Ele está morrendo. Meu filho, meu marido. Ele me deu um monte de remédio para dormir e disse que ia fazer uma besteira”, disse Cristiane.

O subtenente do exército, Francileudo Bezerra, primeiro teria espancado e dopado a mulher. Depois, envenenado o filho mais velho, Lewdo, de 9 anos de idade, autista. E, então, tentado se suicidar. Segundo Cristiane, ele teria colocado um veneno de rato conhecido como chumbinho no sorvete do menino.

Uma suposta mensagem do pai, em uma rede social, dizia: "Temos dois filhos especiais. Vou levar um comigo. Obriguei ela a beber vinho com seus tranquilizantes para dormir e não "vê" o que vou fazer. Lewdinho vai comigo”. O outro filho do casal, de 6 anos, foi poupado.
O delegado desconfiou. “A versão apresentada era muito cinematográfica. O roteiro estava muito bem feito”, afirma o Wilder Brito.

E, segundo a polícia, tinha falhas. Enquanto Francileudo estava internado, a suposta mensagem publicada por ele no dia do crime foi modificada. “Como é que o cara está em coma e altera a própria mensagem supostamente que ele deixa”, indaga o delegado do caso, Wilder Brito.

Mesmo assim, o pai do menino, que ficou em coma por uma semana e passou um mês no hospital, chegou a ter a prisão decretada. “Eu não lembro o que eu comi naquela noite, eu não lembro o que que eu bebi. Eu acordei dentro da UTI. E perguntei o que aconteceu, comecei a perguntar”, conta o subtenente do Exército Francileudo Bezerra.

“Quando recebeu a notícia que estava preso e que ele havia matado o filho e tentado contra a mulher e tentado contra a sua própria vida. Ele chora, chora para mim e diz que não foi ele. Disse que estava à minha disposição”, conta o delegado Wilder Brito.

O delegado resolveu ouvir Cristiane e convocou peritos toxicológicos e em informática. “Quando nós falávamos da morte, era um choro forçado, que tentava disfarçar e não chorava”, conta Wilder Brito.

Os peritos encontraram vestígios de veneno na tubulação da pia da cozinha. “Quem vai cometer o suicídio, normalmente, não tem essa preocupação de esconder o veneno utilizado”, diz Manuela Cândido, perita criminal química.

E não foi só isso. Cristiane demorou uma semana para entregar o celular do marido à polícia. “Percebemos que no aparelho do subtenente havia muita coisa deletada”, conta o delegado.
Inclusive, o perfil dele na rede social. “Eu perguntei se ela tinha a senha, ela disse que não. Deu uma justificativa não convincente para mim”, lembra o delegado.

A perícia descobriu ainda que desde o dia 29 de outubro, quase duas semanas antes do crime, alguém vinha fazendo pesquisas sobre chumbinho no notebook da família. Com base no histórico de navegação e nos hábitos de Francileudo e Cristiane ao usar a internet, os investigadores garantem ser possível afirmar que foi ela quem buscou informações sobre o veneno. Reunindo esse e todos os outros indícios, a polícia acredita ter elementos suficientes para incriminar Cristiane.

“É ela exatamente pesquisando de como matar uma pessoa envenenada, de como seria a dosagem, de quanto seria o tempo dependendo da dosagem e do aspecto físico da pessoa, no caso da criança, é 30 minutos para uma pessoa morrer. E ela estudou tudo isso”, afirma o delegado Wilder Brito.

O chumbinho atua no sistema nervoso central e provoca parada cardiorrespiratória. A polícia também descobriu que Cristiane usava um perfil falso, em uma rede social, para se comunicar com um amante que mora no Recife, cidade onde ela vive agora com os pais e com o outro filho.
Cristiane nega todas as acusações. Em nota, o advogado dela diz que aguarda a conclusão do inquérito policial para se manifestar. Francileudo está preocupado com o filho mais novo. E já pediu a guarda do menino à Justiça. “Se ela fez com um, nada impede ela fazer com outro”, afirma Francileudo Bezerra.
Ele suspeita que o motivo do crime seja um seguro de R$ 150 mil e uma pensão de R$ 4 mil por mês que Cristiane ganharia com sua morte. Mas por que ela teria resolvido envenenar o filho mais velho?
“Os dois eram autistas. Só que o Lewdinho, o nível de comprometimento dele era maior. Penso que ela queria se livrar do problema”, diz Francileudo.

A polícia deve pedir a prisão de Cristiane nos próximos dias. Ela pode responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, e ser condenada a mais de 30 anos de cadeia.

Fantástico: E o que você quer então hoje?
Francileudo: Hoje eu só quero o meu filho perto de mim.
Fantástico: O que você quer que aconteça com ela?
Francileudo: Que ela pague! Que ela seja presa.

Fonte - Rede Globo
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