O avanço na produção de energia eólica em Pernambuco começa a chamar a atenção quanto a outro fator: o desmatamento irregular da vegetação. Um levantamento aponta que uma extensão superior a 700 hectares já estaria autorizada para supressão da área verde, dando lugar aos equipamentos para captação da força dos ventos. O bioma da caatinga, nas regiões do Agreste e Sertão, figura entre os mais atingidos. Com investimentos na ordem de R$ 2,5 bilhões, o primeiro grande parque no segmento, localizado no município de Caetés, no Agreste, deve iniciar a operação em setembro deste ano, somando-se a cerca de 30 outras unidades em fase de implantação. O assunto foi tema de discussão, ontem, na Assembleia Legislativa, que anunciou a criação de uma comitiva para percorrer as localidades em busca de supostas irregularidades.
“Apenas 2% do terreno são ocupados pelos aerogeradores e as demais áreas, inexplicavelmente, acabam ficando ociosas. Trata-se de grandes perímetros que poderiam ser aproveitados na criação de animais e plantação, mas que são inviabilizados por contratos autoritários de arrendamento”, explica o doutor em energética e professor da UFPE, Heitor Scalambrini. Segundo ele, o Nordeste já comporta 80% da produção desse tipo de energia renovável, estando 35% instalada no estado do Rio Grande do Norte e outra fatia considerável no Ceará. “Juntos, esses polos têm amargado perdas ambientais e também sociais, que começam a dar sinal em Pernambuco. Não é levada em conta a condição de vida das pessoas, a maioria humilde e de baixa escolaridade. Além da deterioração das cidades, as promessas de geração de emprego e renda, que logo desaparecem, geram grande frustração”, acrescentou o especialista.
O desmatamento também preocupa a formação de cenários de desertificação, um risco que já se estende a 122 municípios do Estado. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nos últimos anos se perdeu, aproximadamente, 20 mil hectares do bioma caatinga.
Com informações da Folha de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postagens ofensivas não serão publicadas.