Plano de saúde é novamente suspenso e funcionários da antiga Bom Gosto protestam e acampam em frente à fábrica em Garanhuns

Trabalhadores afirmam que só encerram protesto após o restabelecimento do benefício e regularização de 49 funcionários junto à Nestlé DPA

Protesto de trabalhadores do setor de laticínios
 na frente da Nestlé DPA em Garanhuns

Cerca de 30 trabalhadores da antiga Bom Gosto, hoje arrendada à Nestlé DPA, acampam desde a manhã desta sexta-feira (29/05) na frente da fábrica em Garanhuns. A Bom Gosto fazia parte do conjunto de unidades fabris da LBR, mas a empresa entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2013 vendendo suas plantas espalhadas pelo país. 

A unidade de Garanhuns foi comprada por 50 milhões de reais pela ARC, mas, desde a negociação entre esta e a LBR, as coisas para os trabalhadores da hoje antiga Bom Gosto não têm sido fácil. É que a ARC, segundo os sindicatos SINTILPE  E SINTALBE, não vem cumprindo os acordos que firmou junto aos trabalhadores na presença do administrador judicial. Um deles, motivo principal da manifestação, refere-se ao plano de saúde que foi suspenso por falta de pagamento deixando os funcionários desprotegidos no que se refere a assistência de saúde. Outra reivindicação dos sindicatos pede a transferência imediata de 49 funcionários para a Nestlé DPA.  Com a venda da Bom Gosto, eles foram absorvidos pela Nestlé DPA, mas não estão recebendo nada pelo trabalho "Queremos que a Nestlé DPA assuma os trabalhadores até porque eles estão dentro da planta fornecendo mão de obra à  empresa e não estão recebendo nada", afirmou o presidente do SINTALBE.

Trabalhadores da antiga Bom Gosto acampam
na frente da Nestlé DPA em Garanhuns

No último dia 19 de março, os funcionários já haviam feito um protesto na frente da fábrica da Nestlé DPA por conta do mesmo problema. A suspensão do plano de saúde. Mas desta vez, foi montado um acampamento na frente da empresa onde só é permitido a entrada de funcionários. Produtos e insumos que chegam na Nestlé têm sua entrada proibida pelos manifestantes. "Só vamos sair daqui quando a ARC e a Nestlé nos der uma resposta para essas questões. Fizemos contato com o gerente local, mas ele não tem autonomia para resolver estas pendências. Então estamos aguardando um posicionamento da direção destas duas empresas, que fica em São Paulo", informou um representante do Sintilpe, em entrevista ao Programa Falando com o Agreste, da rádio Marano.

Assumiu ares de um verdadeiro drama a situação dos trabalhadores da Antiga Bom Gosto em Garanhuns.  Pessoas de bem que se doaram à empresa e que culpa nenhuma tiveram nos problemas administrativos e financeiros que culminaram com a recuperação judicial e a consequente venda para a ARC. 

Fica-nos a impressão que as empresas envolvidas nesse complicado processo relegam os acordos pactuados com os trabalhadores a um segundo plano.  Após o esfacelamento das plantas da  LBR, a vida seguiu para ela, que bem ou mal conseguiu uma quantia considerável pelas suas unidades fabris.  Para a ARC também, que arrendou a fábrica e tem lucrado com isso, e para a Nestlé DPA, grande multinacional da área, que consolidou sua produção em Garanhuns.

 E para os trabalhadores, o que restou? Indefinição, insegurança, frustração. Frustração por verem um benefício de suma importância, como um plano de saúde ser corriqueiramente suspenso. Indefinição por não saberem como vai terminar esta história. Insegurança no que se refere ao pagamento das rescisões em outubro, época que termina a estabilidade de um ano e marca o afastamento do administrador judicial do processo. E se não há consenso e diálogo nem com a presença da Justiça como mediadora, quem garante que vai haver sem ela? Como diz o ditado, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. No caso objeto desta matéria, os funcionários da antiga Bom Gosto.  Lamentável.

Entrada de produtos na Nestlé DPA foram proibidas

Movimentação na frente da Nestlé DPA