Após cerca de 12 horas, acabou, no final da noite de ontem, 29/10, a primeira audiência de instrução e julgamento do trio conhecido como Canibais de Garanhuns. Ao todo, foram ouvidos 17 testemunhas e os três acusados. A sessão começou às 9h45, no Fórum de Garanhuns, Agreste de Pernambuco. Os advogados de defesa apresentaram os requerimentos e a juiza Pollyianna Maria Barbosa, da 1ª Vara Criminal de Garanhuns definirá se serão aceitos até a próxima terça-feira, para, então, marcar a próxima audiência. Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina de Oliveira da Silva são acusados de matar Alexandra Falcão da Silva e Giselly Helena da Silva.
O Ministério Público arrolou 26 testemunhas, mas apenas 17 foram localizadas. A defesa não apresentou nenhuma testemunha. Depois das ouvidas, a promotoria ainda poderá aceitar o depoimento de outras duas testemunhas através de precatória, porque as pessoas estão em outra cidade. Durante uma segunda audiência, com data ainda não divulgada, os advogados deverão apresentar as alegações finais e o processo seguirá concluso para que a juíza decida se os acusados serão ou não submetidos a julgamento popular através do Tribunal do Júri. O promotor que acompanhará a audiência será o Jorge Gonçalves Dantas Júnior.
Em covas rasas cavadas no terreiro de uma típica construção de porta e janela comum no interior, policiais da delegacia de Garanhuns, a 220 quilômetros do Recife, fizeram uma descoberta que, ao mesmo tempo, punha fim à angústia de duas famílias da cidade e dava início a uma história chocante até para quem lida diariamente com crimes e mortes. Na tarde do dia 11 de abril de 2012, após investigações que revelaram o envolvimento de Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 51, Isabel Cristina Pires da Silveira, 51, e Bruna Cristina de Oliveira da Silva, 22, no desaparecimento de duas jovens moradoras da cidade, os corpos de Giselly Helena e Alexandra Falcão foram localizados.
A forma como os restos mortais foram encontrados já dava aos peritos as primeiras pistas da complexidade dos crimes. Os corpos das mulheres foram esquartejados e partes dos músculos retirados. Mal sabiam os policiais, mas a prisão dos três moradores da casa, que formavam um triângulo amoroso, era o primeiro passo para a revelação de detalhes de uma série de crimes que podem ter feito pelo menos oito vítimas em território pernambucano e paraibano - todas mulheres jovens.
Em novembro do ano passado, após mais de vinte horas de julgamento, o trio foi condenado também pela morte, esquartejamento, ocultação de cadáver e prática de canibalismo contra a adolescente Jéssica Camila, de 17 anos. O crime aconteceu em 2008, em Olinda, e os envolvidos alegaram participar de uma seita denominada "Cartel". Para eles, a morte brutal da vítima era uma forma de purificação. Condenados no último ano, Jorge Beltrão cumpre pena no Presídio Desembargador Augusto Duque, em Pesqueira, e as mulheres estão na Colônia Penal Feminina de Buíque.
Fonte - Diário de Pernambuco
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