A abertura do processo de impeachment contra a Presidente da República,
Dilma Roussef, é a expressão do esgotamento do papel do PT como partido
reformista, ou seja, da ordem burguesa. Agravam esse quadro a corrupção, a qual é
inerente ao sistema econômico capitalista. Portanto, a corrupção não será extinta nos
limites do capitalismo.
O aumento do número de greves de várias categorias e, mais recentemente, as
vigorosas e vitoriosas lutas dos professores do Paraná e dos estudantes secundaristas
do ensino público em São Paulo, são sintomas da crise e da capacidade de mobilização
dos movimentos populares.
A estabilidade dos governos petistas reside na boa administração do
capitalismo e no arrefecimento dos movimentos populares. Mas, o PT desaprendeu o
dever de casa, ficando sem rumo. Deste modo, o aprofundamento dos reflexos no
Brasil da crise mundial do capitalismo constitui o principal fator de desestabilização do
governo Dilma e, consequentemente, da atual crise política.
Apesar dos governos petistas terem se transformado em governos da “Ordem
Burguesa” e cedido a muitas exigências do capital, ao promoverem os chamados
ajustes e cortes de direitos para satisfazê-lo ainda mais, setores de direita, derrotados
nas eleições de 2014 e da própria “base aliada” tramam para encurralar o governo
federal e arrancar ainda mais vantagens.
É nesse quadro que se abre o processo de impeachment. Não porque o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, resolveu retaliar o governo,
mas porque se esgota o tempo em que era vantajosa para a burguesia a terceirização
política que concedeu ao PT, já que este partido não oferece mais a vantagem de
administrar bem o capitalismo e, ao mesmo tempo, desmobilizar os trabalhadores.
Como o corrupto Eduardo Cunha, não tem credibilidade para legitimar o processo,
basta a oposição se juntar nesse caso à situação para trocar essa peça gasta e
desmoralizada, que já cumpriu seu papel, quiçá retribuindo-o com a salvação de seu
mandato de deputado.Ao fazer concessões com as elites ricas e com os seus testas de ferro, a exemplo do PMDB, o governo do PT cavou a sua própria sepultura. Como não fará um giro radical em sua linha política de conciliação com a burguesia, só falta sabermos a data do enterro. Com essa leitura, o PCB considera que, para os trabalhadores e os setores populares, foi nociva a instauração do processo de impeachment. A tendência é que qualquer resultado nos seja desfavorável. Para se manter no governo, o PT, deveria romper com sua aliança de centro direita, condição para que pudesse garantir uma governabilidade popular com um novo programa de mudanças, a favor dos trabalhadores. Mas, a tendência do governo petista é marchar em sentido contrário, cedendo às chantagens e aos interesses do capital
Assim, o PCB repudia as ações das forças reacionárias pelo impeachment, ao mesmo tempo em que não participará de algum movimento com o objetivo de legitimar o governo da presidente Dilma, o qual deverá promover um pacto social com a burguesia. Privilegiamos a luta direta das massas, sem subestimar alguns espaços políticos institucionais e a defesa das liberdades democráticas e dos direitos civis. A única alternativa que temos, os trabalhadores, os setores populares e as organizações políticas e sociais anticapitalistas e com independência de classe é a luta em defesa dos nossos direitos.
O PCB participará de todas as manifestações e protestos sempre que estiverem em jogo os direitos e interesses da classe trabalhadora e dos setores populares, com sua identidade própria, sua autonomia política, sua pauta e suas bandeiras, procurando sempre forjar a unidade de ação com as forças com as quais se identifica na luta contra o reformismo e pelo socialismo, na perspectiva de uma frente de luta de massas.
Lutar, criar, Poder Popular! (10 de dezembro de 2015) Secretariado Municipal do Partido Comunista Brasileiro (PCB), de Garanhuns/PE
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