Da Folha de Pernambuco
O legado deixado pelo ex-governador Eduardo Campos ao PSB é marcado por uma forte hegemonia da sigla nas principais regiões do Estado, nos últimos dez anos. Com as duas principais máquinas de Pernambuco nas suas mãos - o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife - a agremiação conseguiu ampliar o número de prefeituras sob seu comando das 58 conquistadas em 2012, para 75 municípios governados hoje. No entanto, uma região pernambucana continua sendo o “calo” da legenda: o Agreste Meridional. A sigla não possui lideranças de mandato expressivas no local e não conseguiu reunir apoio político para lançar um candidato na sua cidade polo neste ano: Garanhuns.
A perda do apoio político começou quando o grupo do atual, prefeito de Garanhuns, Izaiás Régis, chegou ao comando da cidade em 2012. No comando do Palácio das Princesas, Eduardo Campos tentou lançar o nome do então prefeito de Lajedo, Antônio João Dourado (PSB), para a disputa na cidade, mas o projeto acabou não se concretizando. Sem uma oposição forte, Régis foi eleito com folga e com o apoio de aliados do PSB.
O jogo virou quando o senador Armando Monteiro Neto (PTB) lançou seu projeto para o Governo do Estado e foi para a oposição em 2014. A situação gerou dificuldades para a Frente Popular nas eleições daquele ano, que ficou sem uma referência de liderança expressiva. O petebista chegou a disparar nas pesquisas na Região, obrigando o, então, governador Eduardo Campos a intensificar as agendas no local.
Para evitar que as dificuldades das eleições de 2014 se repitam na disputa para reeleição de Paulo Câmara em 2018, o PSB investe em candidatos nas cidades próximas de Garanhuns, mas não conseguiu construir um projeto na cidade polo. O partido trouxe o prefeito do segundo maior colégio eleitoral do Agreste Meridional para as hostes socialistas, Danilo Godoy (Bom Conselho), e lançará 16 candidatos a prefeito na região, além de ter aliados em todas as demais cidades.
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, acredita que o partido passa por um processo de reestruturação na região após a saída de aliados da Frente Popular. “Tentamos levar um quadro importante para a cidade e não tivemos êxito. Acabou que o PSB teve que passar por um processo de reestruturação e a gente não conseguiu ainda completá-lo”, avaliou.
Reflexo
O secretário-geral do PSB, Adilson Gomes, avalia que a falta de um projeto em Garanhuns acaba se refletindo em outras cidades. “Garanhuns é uma cidade polo e tudo da região converte para lá, inclusive, a política. Houve uma queda da nossa presença eleitoral na região nas eleições de 2012, mas nossas lideranças continuam lá e se esforçando para reverter a situação no pleito deste ano. Acho que falta um pouco de unidade das nossas forças em Garanhuns, mas estamos tentando manter a unidade”, diz Adilson.
O trabalho de reunificação das forças locais é feito pelo assessor especial do governador Paulo Câmara, Ivan Rodrigues, uma liderança historicamente ligada ao ex-governador Miguel Arraes e político tradicional na região. Mas as dificuldades continuam. “Garanhuns é uma cidade muito conservadora. O próprio doutor Arraes teve que começar a eleição lá comendo pelas beiradas, indo para cidades vizinhas de Garanhuns”, afirmou Adilson Gomes.
E é investindo nas eleições nas cidades vizinhas que o partido espera criar uma situação mais confortável para o partido no pleito de 2018. A tarefa, contudo, não será fácil. Um sintoma foi a situação incômoda vivida pelo governador Paulo Câmara durante abertura do Festival de Inverno de Garanhuns, na última quinta-feira. O gestor foi chamado de golpista e teve seu discurso interrompido por um dos presentes na Igreja de Santo Antônio. O protesto acabou não tendo tanta ressonância e o manifestante foi retirado do local.
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