Inquérito da Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, apontou que o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) recebeu R$ 20 milhões em propina para a campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Campos (PSB), em 2010. Segundo a PF, o montante teve origem em valores desviados de contratos celebrados pela Petrobras com três empreiteiras responsáveis pela execução de obras da Refinaria de Abreu e Lima (Rnest) e os repasses foram realizados entre 2010 e 2011. Concluído na última segunda, o relatório foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo dia e já está com o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato.
O inquérito tem relação com o esquema de lavagem de dinheiro investigado na Operação Turbulência, que apura esquema que teria financiado, entre outros, a compra da aeronave da campanha presidencial de Campos. A PF chegou a compartilhar informações do inquérito de Brasília com as investigações da Turbulência, em Pernambuco. O relatório aponta ocultação dos recursos de origem criminosa destinados ao pagamento de dívidas da campanha de Campos, por simulação de contrato com empresa aberta em nome de “laranjas” e saques em espécie.
Segundo o relatório final da Turbulência, ao qual a Folha de Pernambuco teve acesso, o processo “de ocultação e distanciamento de expressivas quantias em dinheiro envolvida em tramas criminosas da sua origem ilícita” era feito tanto “pela empresa pagadora, identificada como sendo a Camargo Correa S.A., e pelos políticos destinatários” das propinas.
Ainda de acordo com o documento, as oitivas de representantes da Camargo Correa apontaram que havia “acordo para abastecimento da campanha do então governador à reeleição” e que “a operacionalização dos pagamentos se dariam através da simulação da contratação da empresa Master Terraplanagem”. Entretanto, as apurações da PF, demonstram que a Master não realizou qualquer serviço para a empreiteira, mesmo tendo firmado contrato de locação de equipamentos para obras da Rnest, em março de 2011.
Sem mencionar nomes, a PF indicou, no documento entregue ao STF, que há elementos suficientes para apontar a materialidade e autoria dos crimes de corrupção passiva qualificada, lavagem de dinheiro e organização criminosa por parte de um senador, de um empresário e ex-presidente da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) e de um empresário preso recentemente na Turbulência.
Em nota, a assessoria de FBC disse que “o senador espera que o Procurador-Geral da República mantenha suas prévias manifestações, no sentido de que a finalidade do inquérito policial e as atribuições de delegados de polícia concentram-se na apuração de infrações penais, com o intuito de subsidiar a atuação do Ministério Público, não cabendo aos delegados emissão de juízo de valor sobre a conduta investigada”.
Folha de Pernambuco
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