No Partido dos Trabalhadores (PT) desde que foi criado em Pernambuco, há 38 anos, o ex-prefeito do Recife João Paulo protocolou na sede do PT estadual, na última terça-feira, pedido de licença da legenda. Na prática, sua decisão configura-se em desfiliação, já que o estatuto do partido não prevê o licenciamento de filiados. Os motivos para decisão tão radical foram os constantes ataques de infidelidade e as acusações de que ele estaria forçando uma aliança com o PSB em detrimento da candidatura própria no estado.
As acusações estariam sendo creditadas ao grupo da vereadora Marília Arraes, principal postulante do PT para disputar o governo de Pernambuco. O pedido de licenciamento de João Paulo caiu como uma “bomba” no ninho petista. A estratégia montada pelo partido, inicialmente, foi de não divulgar a notícia para tentar demover o ex-prefeito da decisão. A partir daí, começou a operação “fica João Paulo”.
Segundo informações de bastidores, dirigentes nacionais e locais do PT, dentre eles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, teriam ligado para João Paulo para tentar convencê-lo a rever seu posicionamento.
No entendimento dos caciques petistas, com a legenda fragilizada nacionalmente, a saída de João Paulo neste momento poderia enfraquecer ainda mais a sigla no estado, dificultando a formação de alianças.
Internamente, João Paulo vem há meses demostrando incômodo com a situação e estressado por conta dos ataques endereçados a ele e ao senador Humberto Costa (PT) em função da possibilidade de uma aliança com o PSB na corrida majoritária ao governo do estado.
Para os amigos, ele teria revelado que está numa outra fase da vida. Que passou a lecionar em universidade, faz curso de inglês e que já tinha enfrentado muitas batalhas dentro e fora do partido, mas não estava suportando os ataques. “Não é um problema partidário. João Paulo está bastante chateado é com a política rasteira de ataques que vem sofrendo junto com Humberto”, revelou um aliado do petista.
Ao ser questionado sobre a desfiliação, João Paulo afirmou que não falaria sobre o assunto. O presidente estadual do partido, Bruno Ribeiro, se posicionou em nota enviada ao Diario.
Confira o comunicado na íntegra:
NOTA DA PRESIDÊNCIA DO PT-PE
A respeito das notícias sobre a iniciativa do companheiro João Paulo, informo:
1 – Na terça-feira, dia 13, ele procurou a Presidência e formalizou carta em que comunicou (1) o seu afastamento por tempo indeterminado do partido, invocando motivos de ordem pessoal e (2) que continuaria se dedicando à defesa de Lula, da sua candidatura e da democracia.
2 – Imediatamente, informei à Executiva Estadual do PT-PE, que realizou uma reunião ordinária já agendada para aquela manhã. Todos(as) ficaram, como natural, bastante preocupados com a notícia e, por unanimidade, posicionaram a necessidade de um diálogo daquela instância partidária com João Paulo, para conhecer os seus motivos e tentar superar o impasse. Informei ao próprio João Paulo e o convidei para essa reunião, com o que ele concordou, mas ainda não agendamos a data.
3 – Primeiro presidente da CUT-PE, um dos fundadores do PT em Pernambuco, ex-prefeito do Recife por duas vezes, parlamentar em vários mandatos, a militância de João Paulo é uma referência para o PT e para a esquerda pernambucana. Como pessoa, ele é bastante respeitado e estimado por todos (as) em nosso Partido.
4 – A democracia, o povo brasileiro e Lula, que é a liderança que representa os seus valores e aspirações, estão sofrendo ameaças que se agravam a cada dia. Precisamos estar unidos para vencer essas adversidades e João Paulo é muito importante nessa luta. Por isso, a direção e a presidência do PT-PE atuarão com determinação e firmeza para superar essa dificuldade no mais breve tempo possível.
Recife, 15 de março de 2018.
BRUNO RIBEIRO
Presidente Estadual do PT
Com informações do Diário de Pernambuco
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