Garanhuns é uma das poucas cidades do interior do Nordeste que tem chuvas regulares todos os anos, mas, o que para muitos é motivo de alegria, para os moradores da Rua Miguel Arraes, na Cohab II, é motivo de medo e angústia. É que quando chove forte a via fica intrafegável com a água pluvial entrando em algumas residências. Como se não bastasse os prejuízos materiais, os moradores ainda têm que conviver com uma enorme voçoroca (buraco causado pela erosão) que ameaça engolir suas casas. Uma obra de contenção e drenagem foi iniciada no local em 2016, mas, por falta de licença ambiental junto ao CPRH,(Agência Estadual do Meio Ambiente), o serviço foi embargado a pedido do MPPE e do Conama sob a alegação de que a drenagem na área da voçoroca poderia aterrar a nascente do Rio Mundaú.
Enquanto a solução não vem, os moradores sofrem com a pouca ou quase nenhuma mobilidade. Que o diga Seu Paulo. Ele mora na Miguel Arraes há dois anos e reclama que em época de chuva os buracos tomam conta da rua deixando sua casa praticamente isolada. "É muto triste. Tenho um carro e não posso colocar na minha garagem; tive que alugar uma garagem lá em cima da rua. Estou querendo mudar daqui, mas não sei como fazer a mudança, já que veículo não vem até aqui por conta dos buracos. Toda vez que chove é isso. É uma vergonha", desabafou o morador
Situação semelhante vive Dona Socorro, que mora desde 2009 na Rua Miguel Arraes. Eleitora de Izaías, ela faz elogios ao prefeito, mas cobra do gestor um olhar mais atencioso aos moradores da localidade. "Votei em Izaías duas vezes e voto de novo. Ele é um bom prefeito, mas peço que nos ajude, disse a mulher, de 58 anos. Em conversa com o blog ela conta que tem medo de perder tudo. Não temos saneamento, as ruas não têm calçamento, não temos drenagem, quando chove inunda tudo. Existe o risco de desabamento de casas. Uma mesmo caiu nessa última chuva, sorte que não tinha ninguém dentro", salientou dona Socorro.
O blog conversou sobre o problema da Rua Miguel Arraes com Thiago Amorim, chefe da Defesa Civil em Garanhuns. Ele revelou que com as chuvas, ocorre um aumento gradativo da largura, profundidade e comprimento da voçoroca e consequentemente um avanço em relação aos imóveis circunvizinhos, sendo esse avanço monitorado. Ao falar sobre a paralisação da obra de drenagem e contenção ocorrida em outubro de 2016, Thiago diz que só um estudo específico e mais aprofundado pode dizer se o serviço a ser feito no local prejudicaria a nascente do Rio Mundaú. "Na minha visão de engenheiro o assoreamento de resíduos é um risco à nascente, mas só um estudo mais minucioso pode comprovar", disse. Thiago ainda frisou que uma solução definitiva só deve vir a longo prazo, tanto pela questão ambiental, como pelo alto custo da obra.
O morador Alex Anderson perdeu sua casa para a erosão. Ele saiu da Rua Miguel Arraes há cerca de 3 meses e reclama que não tem recebido auxílio aluguel da Prefeitura de Garanhuns. "Quando eu saí da casa ela foi saqueada. Depois que parte do imóvel caiu roubaram os tijolos. Tem cinco anos que fui no MPPE, e nunca fui sequer chamado", pontuou Alex.
A Defesa Civil chama a atenção para o desague irregular de esgoto doméstico nas redes de drenagem pluvial, o que contribui para o aumento do problema na Rua Miguel Arraes. Além de aumentar o risco dos que moram próximo à voçoroca, o deságue de esgoto doméstico na rede pluvial, aliado aliado ao descarte irregular de lixo doméstico, aumenta a erosão além de prejudicar o meio ambiente.
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Casa engolida pela erosão |
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