O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou em duas entrevistas exibidas neste domingo (20) que os depósitos fracionados de R$ 2 mil em dinheiro vivo na conta dele, que somam R$ 96 mil, têm origem na venda de um apartamento.
Nas entrevistas, à TV Record e à RedeTV!, Flávio Bolsonaro afirmou também que o pagamento de um título bancário de R$ 1 milhão apontado como suspeito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) é referente a um apartamento que ele comprou (leia detalhes mais abaixo).
Ao senador, não foi perguntado, e por isso ele não respondeu, por que motivo optou por fazer 48 depósitos de R$ 2 mil, com diferença de minutos entre cada operação, em vez de depositar a totalidade do que recebeu em dinheiro de uma vez só na agência bancária em que tem conta bancária. Também não foi questionado por que preferiu receber parte da venda do apartamento em dinheiro e não em cheque administrativo ou transferência bancária.
"Eu não tenho nada a esconder de ninguém. Esse apartamento aqui foi pago direitinho, bonitinho. Estou mostrando a vocês qual é a origem. Tem origem, não é origem ilícita, não. Não tem origem em terceiros. Por que aparece dessa forma? Porque esse dinheiro, que era um dinheiro meu, era depositado na minha própria conta. E como tem que ser de dois em dois mil reais, [...] foi feito dessa forma", afirmou.
"Não tem mistério nenhum, está tudo declarado, justificado no papel. Está tudo declarado ao Fisco [Receita Federal], está declarado na escritura. Se fosse algo ilícito, você acha que estava na minha conta? Não tem dinheiro ilícito na minha mão", afirmou.
Pagamento de R$ 1 milhão
Neste sábado (19), o Jornal Nacional informou que, segundo o Coaf, Flávio Bolsonaro fez um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa Econômica em que não foi possível identificar o favorecido, assim como a data do pagamento e nenhum outro detalhe.
De acordo com o senador eleito, o título é referente a um imóvel que ele comprou na planta e depois vendeu por R$ 2,4 milhões. Na entrevista, Flávio disse ter declarado a venda à Receita.
"É um apartamento que comprei na planta. Quando você compra um apartamento na planta, o financiamento fica com a construtora e quando sai o habite-se, quando a Caixa pode fazer o financiamento, o que você faz? Você busca a Caixa, que tem juros menor. A Caixa vai e paga a sua dívida com a construtora, eu deixo de ser devedor da constutora e passo a ser o devedor da Caixa", afirmou.
"Quem fez a operação foi a Caixa Econômica, não foi dinheiro meu. Então, está explicado. Eu não tenho nada a ver. A Caixa Econômica Federal quita o restante do financiamento que eu tinha com a construtora e eu passo, não mais à construtora, passo a dever à Caixa Econômica. Só isso. A Caixa pagou esse valor, não foi eu que paguei. Eles pagam minha dívida e eu passo a ser devedor da Caixa", acrescentou.
Durante a entrevista, Flávio Bolsonaro exibiu um papel que, segundo ele, é um documento da Caixa que comprova o que ele disse.
O senador eleito disse, porém, que não mostraria o conteúdo do papel porque quer, primeiro, entregá-lo às autoridades, acrescentando que "o foro adequado para discutir isso não é a imprensa".
Dinheiro de funcionários
Na entrevista è Record, Flávio Bolsonaro disse que não fica com parte do dinheiro que os funcionários recebem.
Segundo o Coaf, os funcionários do gabinete de Flávio transferiam dinheiro ao ex-motorista dele Fabrício Queiroz em datas que coincidem com as datas de pagamento da Alerj, o que pode indicar, segundo os investigadores, tentativa de ocultação do real dono do dinheiro.
"No meu gabinete, no meu gabinete não! E se eu soubesse de alguém que tivesse cometendo isso, eu era o primeiro a denunciar e mandar prender. Porque todo mundo sabe, quem me conhece, quem me acompanha no dia a dia, sabe que não tem sacanagem comigo. Se eu quisesse dinheiro, eu não tinha aceitado algumas ofertas, tranquilas, de doação eleitoral pra minha campanha, bonitinhas, de empresários queriam ajudar ao Brasil. Recusei milhões de doações de campanha. Não quero, e digo mais: em alguns períodos no meu gabinete, cargos ficaram vagos. Se eu tivesse intuito de ganhar dinheiro com isso, acha que eu ia deixar cargo vago?"
Do G1
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