PROCESSO ENVOLVE 332 MILHÕES DE REAIS DE DÍVIDAS PASSÍVEIS DE REESTRUTURAÇÃO: Entenda o pedido de recuperação judicial feito pela FTB à terceira Vara Cível de Garanhuns

O pedido de recuperação judicial solicitado pelo grupo de farmácias FTB no mês passado tem gerado uma série de especulações em Garanhuns, onde a empresa nasceu e de onde os proprietários gerenciam uma rede de 646 filiais distribuídas em 16 estados do país. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, uma recuperação judicial, segundo conceito da Advogacia Geral da União, não significa a falência de um negócio, mas evitá-la a todo custo. É uma série de medidas implementadas para viabilizar a superação de crise do devedor, para "justamente", evitar o que ninguém deseja: a falência. Traduzindo de uma maneira mais simples, o processo visa impedir que um grupo empresarial endividado feche as portas e deixe de pagar aos seus credores, por isso a negociação é feita com a mediação da Justiça.

No caso específico da FTB, não foi apenas um grupo comum que anunciou dificuldades em pagar suas dívidas, mas um dos conglomerados empresariais de maior sucesso no Brasil e que tem grande importância na geração e manutenção de empregos, não só em Garanhuns e Pernambuco, mas em outros 15 estados brasileiros onde atualmente se faz presente.

O processo, que tramita na 3ª Vara Cível de Garanhuns, foi ajuizado no dia 10 junho e está próximo de ser aceito pela Justiça. Foi nomeado o escritório Olegário e Teixeira Advocacia, sediado em Maceió, como administrador judicial. Com uma receita bruta operacional de 2,07 bilhões de reais em 2018, a FTB ingressou com o pedido que envolve uma dívida de cerca 332 milhões de reais, passíveis de reestruturação, e é justamente esse montante que está sujeito à recuperação judicial.

De acordo com a petição inicial, 55 pessoas jurídicas ligadas ao grupo pediram recuperação judicial. Somadas, elas formam a maior rede de farmácias populares do Brasil, com 646 filiais. Ainda de acordo com os autos do processo, o grupo FTB vem sofrendo com uma momentânea dificuldade econômico-financeira para manter suas atividades empresariais e pagamento pontual junto aos credores, o que motivou o pedido. Apenas da classe trabalhista, segundo, dados da Justiça, são cinco mil credores. Uma relação de bens dos sócios foi disponibilizada à Justiça, que manteve o documento em sigilo. 

Depois da aprovação do pedido de recuperação judicial, a FTB tem que apresentar em até 60 dias um plano de reestruturação, que precisa ser aprovado pelos credores. Durante a recuperação judicial, caso seja aprovada, a empresa continuará operando normalmente, mas a execução das suas dívidas estarão suspensas por seis meses para que ela possa tentar se reorganizar financeiramente. O portal não apurou quando começa de fato a contar o prazo de 180 dias destinados à reestruturação da FTB, mas o Diário Oficial do Estado, em sua edição de 08 de julho, publicou uma série de decisões sobre o pedido de recuperação da rede de farmácias, entre eles, a abertura do prazo para que a empresa apresente seu plano de saneamento financeiro. 

O Sindicato dos Farmacêuticos de Pernambuco emitiu nota sobre o pedido da FTB, tão logo ele foi formalizado no mês passado. Em publicação recente, o SINFARPE disse que a rede FTB anunciou que não terá condições de pagar as rescisões trabalhistas dos farmacêuticos e que o sindicato vai reivindicar o pagamento na Justiça. Ainda de acordo com o SINFARPE, o salário de alguns profissionais estaria em atraso.  VER NOTA COMPLETA  AQUI

O GRUPO FTB

O Grupo FTB teve origem no ano de 1998 aqui em Garanhuns, iniciando suas atividades por meio de uma pequena farmácia. Após isso, veio a expandir rapidamente o seu modelo de negócio para diversos municípios do Estado de Pernambuco, onde fundou 22 farmácias, com o nome de Droga Rápida. Em 2008 os proprietários deram início a um grande projeto empresarial, apostando na comercialização de medicamentos genéricos e similares ( mix reduzido), por meio de lojas menores, com mobiliário simples e poucos colaboradores, com maior foco para o consumidor com menor poder aquisitivo, dando ensejo ao surgimento da Marca “Farmácia do Trabalhador do Brasil”, que posteriormente ficou conhecida simplesmente por “Farmácia FTB”, vindo a resultar, como, dito na publicação, na maior rede de farmácias populares do país.