INOCENTE E FICHA LIMPA: Vítima de fake news, seu Amauri Nunes foi um dos personagens centrais do Caso Lucas. |
A internet e as redes sociais causaram uma revolução sem precedentes na forma como as pessoas se comunicam. Nenhuma invenção humana, nem mesmo a imprensa, criada por Gutenberg no Século XV, mudou tanto o modo como as ideias e opiniões circulam ao redor do mundo. Entretanto, a web não trouxe só benefícios. Ela também é caminho fértil para a propagação de notícias e boatos fraudulentos que, dependendo do impacto e do alcance, podem destruir reputações, manipular eleições, e até provocar a morte de pessoas inocentes.
Fabiane Maria de Jesus foi morta por engano em 2014, em São Paulo, após ser vítima de fake news |
Talvez o caso mais triste que exemplifique o poder nocivo de uma Fake news, e o primeiro de repercussão no Brasil, foi o de Fabiane Maria de Jesus,(ver foto acima). Em 2014, aos 33 anos, ela foi vítima de uma notícia falsa publicada por uma página do Facebook intitulada Guarujá Alerta. Com 56 mil seguidores, o perfil espalhou a história de que uma suposta sequestradora estava raptando crianças para usá-las em rituais de magia negra. O Guarujá Alerta foi além. Postou um retrato falado da suposta homicida. Moradores confundiram Fabiane com a tal sequestradora que, segundo a polícia, nunca existiu e a arrastaram durante duas horas pelas ruas do bairro de Morrinhos, em Guarujá. A mulher foi resgatada, mas, bastante machucada pela violência com que foi espancada, morreu dois dias depois.
O leitor que teve paciência de acompanhar a matéria até aqui deve estar se perguntando: sim, mas o que o caso de Guarujá tem a ver com Garanhuns? Explicamos. Amauri Nunes reside em Garanhuns e é dono de um ferro velho no Bairro Massaranduba. Em julho deste ano, por ocasião da morte do menino Lucas Vinícius, ele foi vítima de terríveis e falsas acusações espalhadas pela internet que colocaram sua vida em risco. Por ter sido o último a ver Lucas antes do desaparecimento, fato que ocorreu na frente do seu ferro velho, Amauri foi apontado por dezenas de especuladores virtuais como estuprador e assassino menino. Uma falsa confissão do crime, atribuída a Amauri, correu as redes sociais, sobretudo no aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp, disseminando o ódio e a fúria da população contra ele. Um protesto em frente ao ferro velho, que poderia ter acabado em invasão, chegou a ser marcado, mas foi cancelado. A ideia dos populares era fazer uma busca geral no estabelecimento comercial de Amauri em busca do corpo do garoto que seguramente (no imaginário daqueles que consumiram a bizarra fake news) estaria enterrado em sua propriedade.
Cinco meses após aquele fatídico 15 de julho, as coisas acalmaram. Os responsáveis pela morte de Lucas foram presos após terem confessado o crime, segundo a Polícia Civil. Seu Amauri segue sua rotina diária no ferro velho. Honesto, trabalhador e pai de sete filhos, todos bem encaminhados na vida, (um tem doutorado, algo que orgulha muito o pai), ele diz que sofreu muito na época em que foi vítima dos falsos boatos. "Na época dessas falsas notícias foi um sofrimento triste pra mim. Eu não tive medo da justiça, mas sim de que uma possível injustiça fosse cometida. Fiquei triste e envergonhado. Sou pai de sete filhos e a gente fica envergonhado de ser acusado de tamanha barbaridade, mas tem um ditado que diz: Quem não deve não teme. Tive medo apenas da injustiça", frisou Seu Amauri.
Vaidoso quanto aos filhos, Seu Amauri fala com orgulho deles e diz que a base familiar foi que o manteve firme naqueles difíceis dias de julho. Para ele, a pior acusação que um homem pode sofrer é a de ser chamado de estuprador. "Eu ficava envergonhado. Sou cidadão de bem e cidadão de bem não faz isso. Minhas filhas que moram fora (duas em Recife, três em Maceió) queriam vir pra Garanhuns ficar comigo e me apoiar, mas eu disse que não precisava porque a verdade apareceria," revelou o simpático senhor.
Amauri fez questão de ressaltar que, apesar das falsas notícias que o apontavam como culpado pela morte de Lucas, nunca sofreu pressão da polícia para confessar algo. "Eles me ouviram umas 20 vezes, fui com eles a região do Assaí, mas nunca fui coagido a falar nada. Eles são profissionais e têm as técnicas deles para identificar quando alguém é culpado ou inocente. disse o dono do ferro velho da Massaranduba, que ainda fez questão de deixar um recado para os usuários de rede social."Antes de falar verifiquem a procedência. Tem que ter noção do que se fala. Não pode sair metendo o dedo e compartilhando tudo. Essa é a mensagem que deixo para os que compartilhavam essas coisas na época ".
Sábias palavras de Seu Amauri. Sobretudo vindas de alguém que foi vítima das redes sociais sem nunca ter usado nenhuma delas, nem mesmo o popular WhatsApp. Talvez se as pessoas que assassinaram Fabiane Maria de Jesus em São Paulo, por acreditarem que ela era uma bruxa que sequestrava crianças para sacrificá-las, tivessem seguido esse conselho, a jovem e inocente moça do Guarujá ainda estivesse viva. Como seu Amauri, Fabiane foi vítima de uma terrível fake news. Diferente de Seu Amauri, que está vivo pra contar sua história, Fabiane Maria de Jesus não teve a mesma sorte.
Luciano de Jesus e Lucas confessaram ter matado o menino, segundo informações da Polícia Civil |
Cinco meses após aquele fatídico 15 de julho, as coisas acalmaram. Os responsáveis pela morte de Lucas foram presos após terem confessado o crime, segundo a Polícia Civil. Seu Amauri segue sua rotina diária no ferro velho. Honesto, trabalhador e pai de sete filhos, todos bem encaminhados na vida, (um tem doutorado, algo que orgulha muito o pai), ele diz que sofreu muito na época em que foi vítima dos falsos boatos. "Na época dessas falsas notícias foi um sofrimento triste pra mim. Eu não tive medo da justiça, mas sim de que uma possível injustiça fosse cometida. Fiquei triste e envergonhado. Sou pai de sete filhos e a gente fica envergonhado de ser acusado de tamanha barbaridade, mas tem um ditado que diz: Quem não deve não teme. Tive medo apenas da injustiça", frisou Seu Amauri.
Vaidoso quanto aos filhos, Seu Amauri fala com orgulho deles e diz que a base familiar foi que o manteve firme naqueles difíceis dias de julho. Para ele, a pior acusação que um homem pode sofrer é a de ser chamado de estuprador. "Eu ficava envergonhado. Sou cidadão de bem e cidadão de bem não faz isso. Minhas filhas que moram fora (duas em Recife, três em Maceió) queriam vir pra Garanhuns ficar comigo e me apoiar, mas eu disse que não precisava porque a verdade apareceria," revelou o simpático senhor.
Ferro velho de seu Amauri, último lugar onde Lucas foi visto antes de desaparecer |
Amauri fez questão de ressaltar que, apesar das falsas notícias que o apontavam como culpado pela morte de Lucas, nunca sofreu pressão da polícia para confessar algo. "Eles me ouviram umas 20 vezes, fui com eles a região do Assaí, mas nunca fui coagido a falar nada. Eles são profissionais e têm as técnicas deles para identificar quando alguém é culpado ou inocente. disse o dono do ferro velho da Massaranduba, que ainda fez questão de deixar um recado para os usuários de rede social."Antes de falar verifiquem a procedência. Tem que ter noção do que se fala. Não pode sair metendo o dedo e compartilhando tudo. Essa é a mensagem que deixo para os que compartilhavam essas coisas na época ".
Sábias palavras de Seu Amauri. Sobretudo vindas de alguém que foi vítima das redes sociais sem nunca ter usado nenhuma delas, nem mesmo o popular WhatsApp. Talvez se as pessoas que assassinaram Fabiane Maria de Jesus em São Paulo, por acreditarem que ela era uma bruxa que sequestrava crianças para sacrificá-las, tivessem seguido esse conselho, a jovem e inocente moça do Guarujá ainda estivesse viva. Como seu Amauri, Fabiane foi vítima de uma terrível fake news. Diferente de Seu Amauri, que está vivo pra contar sua história, Fabiane Maria de Jesus não teve a mesma sorte.
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