Acompanhado de seus ministros e do vice-presidente, Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro disse que Moro era “um ídolo” para ele e elogiou seu trabalho como juiz federal, mas se disse decepcionado e surpreso com o comportamento do agora ex-ministro.
Ele também alegou que Moro não o queria na cadeira presidencial. “Moro tem compromisso consigo próprio e com seu ego, e não com o Brasil”, acusou.
“Se ele quisesse independência, como eu tenha, ou autoridade, poderia ter vindo como candidato em 2018”, disse Bolsonaro fazendo referência a supostas pretensões políticas de Moro.
Sobre a autonomia dada a Moro no comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bolsonaro ponderou que “autonomia não é sinônimo de soberania” e reclamou da falta de reciprocidade de Moro no relacionamento entre eles.
“Eu sempre abri o coração para ele, eu já duvido se ele sempre abriu o coração para mim. Eu sempre disse aos meus ministros: a confiança tem que ter dupla mão. Eu também quero que o ministro confie em mim.”
“Os ministros têm a obrigação de estar junto comigo. Caso contrário, não estão no governo certo”, disse. Bolsonaro lembrou de episódios de discordância que teve com Moro, como quando o ex-ministro tentou indicar a cientista política Ilona Szabó para suplência do Conselho Nacional de Política Criminal. Szabó tem posicionamentos que batem com algumas das bandeiras defendidas por Bolsonaro e seu entorno. “Eu não posso conviver, ou fica bastante difícil a convivência, com uma pessoa que pensa diferente de você”.
Bolsonaro disse, ainda, estar lutando contra o sistema político e o establishment. “Continua não sendo fácil, mas pode ter certeza: hoje em dia eu conto com muitos parlamentares dentro do Congresso Nacional que já comungam com essa tese, de vários partidos, exceto da extrema esquerda”, disse ele em aceno aos parlamentares.
Na segunda parte do pronunciamento, este escrito em um papel, Bolsonaro negou categoricamente que tivesse interferido na PF para ter acesso a relatórios sobre inquéritos.
Com isso cabe agora ao ex-ministro Moro apresentar as provas das graves denúncias que fez na entrevista que concedeu ás 11 da manhã desta sexta, 24 de abril. Se conseguir provar que o presidente realmente disse que queria colocar uma pessoa dele no cargo de diretor da PF, de modo que que ele pudesse colher informações e relatórios de inteligência ou ainda provar que Bolsonaro lhe confidenciou que tinha preocupações com inquéritos no Supremo Tribunal e que queria efetuar a troca (do comando da Polícia Federal) por este motivo, a situação do presidente se complica bastante e pode abrir caminho para um processo de impeachment. O que ficou claro, analisando os dois discursos, foi o seguinte - Um dos dois mentiu. Resta saber se foi Moro ou o Presidente.
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