04 de fevereiro de 2022. Para o resto do país, um dia comum, mas não para Garanhuns/PE. Há 143 anos, nos fazíamos cidade. A fecundação? Essa foi muito antes. Aconteceu por volta de 1654 e ironicamente foi fruto de um encontro entre Domingos Jorge Velho, o avô de Simôa Gomes, e os negros do Quilombo dos Palmares.
O velho Bandeirante, subestimando a força de Zumbi, foi acossado em sua primeira investida e veio se recompor aqui nos Campos do Unhauhus, uma tribo indígena que habitava a região. Passou 10 meses na primitiva Garanhuns, para só então marchar como uma flecha fulminante rumo ao Quilombo dos Palmares, destruindo-o completamente.
Na fuga desesperada, negros palmarinos para cá vieram formando outros quilombos menores. Esse encontro histórico e improvável, onde entraram em choque três raças com interesses totalmente diferentes, ainda no longínquo ano de 1654, foi o embrião do que hoje é Garanhuns e esse embrião se gestaria no grande útero da Capitania de Ararobá até 1879, ano do nascimento do município.
Entre 1654 e 1879, período em que se gestava Garanhuns, uma figura importante apareceu. Seu nome era Simôa Gomes, Dama do mais alto porte e neta daquele que dizimou o Quilombo dos Palmares. Simôa não herdou o espírito belicoso do avô, mas a coragem era a mesma. Destemida, cavalgava varonilmente fogosos cavalos de seu pai na Fazenda Garcia, sempre com uma pistola à cintura no mais original estilo setecentista.
Em 1756, já viúva, após agraciar os seus dois filhos, Bertoleza e Valério com a herança do falecido, doa a sua parte a Confraria das Almas. Nesse solo sagrado, formou-se cerca de quinze casas entre elas a da matriarca.
Só em 1811, com apenas 156 casas, é que nos tornaríamos Vila. O crescimento era lento. Garanhuns parecia abandonada à própria sorte. Simôa já havia falecido, mas Deus não nos desamparou. Um ano antes de nosso nascimento, um personagem, que viera para a Vila de Garanhuns descansar, mudaria o destino desta terra para sempre. Era o deputado provincial Silvino Guilherme de Barros, o Barão de Nazaré. Ele encantou-se de tal maneira com a beleza das Sete Colinas, que voltou a capital decidido a torná-la cidade.
Finalmente no dia 04 de fevereiro de 1879, sob força da Lei 1.309, aquele filho que foi fecundado lá no ano de 1654 nos verdes campos dos Unhauhus se tornou um ente municipal do império. Guardem e reverenciem este grande momento. Assim nasceu Garanhuns, a mais bela cidade deste estado chamado Pernambuco. Até a próxima
Publicação feita pelo Portal V&C e pela Gazeta de Garanhuns em 04 de fevereiro de 2011 por ocasião do 132º aniversário de Garanhuns. Texto: Valério Caetano
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