Três anos após uma terrível pandemia que matou cerca de 700 mil pessoas no Brasil, os grandes eventos e espetáculos vão pouco a pouco sendo retomados em todo o país. É, a vida está de volta a sua normalidade.
Aqui em Garanhuns, após dois anos de hiato, o FIG voltou e, como gosta de frisar o prefeito, mais intenso do que nunca. O mesmo ocorrerá com o Viva Dominguinhos, marcado para abril e com grandes atrações.
Entretanto, a mesma prioridade não foi dada pelo Governo Municipal de Garanhuns para que outro evento importantíssimo para a cena artística local voltasse a ser realizado. Pelo menos essa é a conclusão dos organizadores do consagrado "Jesus Alegria dos Homens", um dos maiores espetáculos ao ar livre de Pernambuco.
O evento completaria 30 anos em 2023, mas, segundo apurou o portal, após procurar o Governo Municipal em busca de apoio, a direção do espetáculo teria sentido, segundo os próprios integrantes, uma indisposição e má vontade da atual gestão municipal para que o evento voltasse a ser encenado no Alto do Magano.
Antes do carnaval a diretoria procurou a Secretaria de Cultura para marcar um encontro com o prefeito, mas foi dito que não havia espaço na agenda do gestor. Depois de 30 dias de espera, houve uma reunião com Sandra Albino, porem, foi alegado depois pelo diretor de Cultura, a falta de tempo hábil para a renovação do convênio entre a Prefeitura e a Associação Teatral Jesus Alegria dos Homens, ato imprescindível para a liberação de recursos ( 60 mil reais) e para que o espetáculo aconteça na Semana Santa em Garanhuns.
A associação alega que um convênio desta natureza é viabilizado em poucas horas e que, desta forma, a desculpa dada pelo diretor de cultura, teoricamente falando em nome do prefeito e da Secretária de Cultura, não se sustenta em em pé e é uma desculpa pífia.
"Há uma completa indisposição do Governo Municipal em apoiar ou promover cultura, que não seja a gerida pelo nicho da atual administração", criticou um dos diretores
A Associação Teatral que realiza o evento é de caráter público, sem fins lucrativos e o espetáculo é feito a céu aberto e sem cobrança de ingressos
Segundo informações da diretoria do espetáculo, no bairro do Magano, onde o espetáculo nasceu e é realizado, há uma insatisfação geral com essa lacuna deixada na cena artística de Garanhuns .
Dentro desse contexto, alguns coordenadores do espetáculo ventilam até a possibilidade de encerrar de vez com as encenações decisão que vem sendo amadurecida e motivada principalmente pela falta de incentivo do poder público municipal para que o evento sobreviva.
CONFIRA NA ÍNTEGRA O DESABAFO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL JESUS ALEGRIA DOS HOMENS
PREFEITURA INVIABILIZA ENCENAÇÕES DA PAIXÃO DE CRISTO DE GARANHUNS.
O Espetáculo da Paixão de Cristo encenado no Alto do Magano há 29 anos, completaria seus trinta anos com a encenação desse ano. Criado em 1980, um ano antes do Primeiro Festival de Inverno, nessas quase três décadas, atravessou todas as administrações de Garanhuns recebendo de todos os prefeitos, o apoio necessário para marcar os dias da Semana Santa com um acontecimento de arte e cultura que sempre levou multidões às proximidades do Monumento do Cristo, para assistir a peça, gratuitamente. Após três anos sem apresentações, cumprindo as determinações de suspensão durante a Pandemia, a direção e elenco estavam prontos agora para retomar o evento, quando sentiram o impacto da indisposição da atual gestão de Garanhuns para com essa atividade de utilidade pública, além do cunho cultural e religioso.
Bem antes do Carnaval, a diretoria da peça procurou a Secretaria de Cultura para viabilizar uma agenda de conversas com o atual prefeito, e já foi informada de que a pauta do gestor estava “corrida, apertada”. Aguardou então um espaço oportuno que nunca aconteceu ao longo de mais de 30 dias seguintes.
Por fim, dias atrás, a Secretária de Cultura, Sandra Albino, decidiu, mesmo sem a presença do irmão prefeito, realizar um breve encontro com a direção da peça, onde foram tratadas as necessidades e tarefas de ambas as partes e dado conhecimento sobre o Convênio entre a Prefeitura e a Associação Teatral Jesus Alegria dos Homens, documento firmado desde 2013. Esse Convênio existe há cerca de sete anos e trata do repasse de recursos público como forma de patrocínio, no valor mínimo de 60 mil reais, está contido no Programa de Promover ou Apoiar Eventos Geradores de Fluxo Turísticos, conforme cita o corpo da minuta.
Então todos os anos o Convênio é renovado e os valores são repassados a referida Associação como apoio financeiro para a realização da peça. Embora o Convênio já tenha sido praticado pelas administrações anteriores, tanto na Prefeitura, como também em mãos da diretoria do espetáculo, existem as minutas que comprovam essa prática Legal de repasse, assim como sua prestação de contas, devidamente aprovadas, ao longo desses anos. Mesmo assim, a secretária informou não ter conhecimento desse documento, pedindo mais tempo para tomar informações. Sem dar nenhuma satisfação em tempo hábil e combinado, dias depois, o Diretor de Cultura André Ferreira, atendendo a uma chamada telefônica da direção da peça, informou que, segundo a Controladoria da Prefeitura, o caminho correto seria mesmo a renovação desse Convênio, mas que “não daria mais tempo para esse ano”.
Diga-se que a renovação temporária e sazonal de um Convênio como este leva em média 15 minutos para ser feito determinando-se, inclusive, os prazos para os repasses financeiros podendo ainda ser divididas as parcelas para antes e pós-evento, como sempre foi antes da atual gestão, tudo mediante as Notas Fiscais apresentadas que comprovam os gastos com o erário público e passam a fazer parte da Prestação de Contas. Na verdade, a estratégia da Prefeitura de empurrar com a barriga o assunto e fazer pouco caso, enquanto nenhum agente oficial do Governo Municipal assume essa lambança pública, deve ser compreendida como completa indisposição da gestão, em apoiar ou promover cultura, que não seja a gerida pelo nicho da atual administração. A Associação Teatral que realiza o evento é de caráter público, sem fins lucrativos.
O espetáculo em si é feito a céu aberto e sem cobrança de ingressos, os recursos repassados pela Prefeitura são revertidos então na prática do bem imaterial da cultura e oferecidos ao povo, como direito constitucional. A comunidade do Magano já tem no evento um sentimento de pertencimento e a população de Garanhuns e região, agrega também sua prática religiosa durante os dias da Semana Santa, no Alto do Magano.
Mas o governo Municipal de Garanhuns demonstra não conseguir enxergar assim. Tem se viciado na prática de caprichar tão somente nos eventos já criados e consolidados pela gestão passada, superfaturando acréscimos financeiros e pequenos diferenciais nos formatos já existentes, talvez, na ilusão de superá-los tentando anular criador e criatura. O que, politicamente, tem sido qualquer coisa como tentar apagar fogo com gasolina. Embora a Prefeitura não tenha informado onde foram enfiados os recursos dos três anos em que o espetáculo não foi realizado durante a pandemia, seria de bom senso e de boa transparência como prega a gestão, repassá-los para as celebrações dos 30 anos da peça como esperava a população.
O Convênio foi uma proposição do então Vereador Capitão Lucena, aprovado pela Câmara de Vereadores á época, aceito pelos pares e demais gestores sucessivos, desde a sua aprovação pelo Poder Público de Garanhuns. O descumprimento aleatório disso e ou a relocação da pequena verba sem a justificativa o no silêncio do livre arbítrio, somente um Inquérito Administrativo poderá revelar o porquê. A desatenção da gestão à realização do tradicional espetáculo, talvez ocorra porque os recursos para o evento são curtos, a contadoria da peça não oferece espaço para a prática da contabilidade criativa, as Notas Fiscais são fechadas nos gastos reais e ao longo desses 29 anos a peça não tem pendência nenhuma e não deve um centavo a ninguém, bem como seus idealizadores também não fazem meio de vida financeiro com o evento.
O fato é que a população não merece esse descaso e descontenta-se ofendida por roubarem um bem que é seu. No bairro do Magano, onde o espetáculo nasceu e é realizado, há uma insatisfação generalizada e compreendida como um desafeto social por parte da atual administração de Garanhuns. Realizada num trecho de grande vulnerabilidade social, a peça tem também ajudado a transformar a vida de jovens moradores que integram o elenco, transferindo autoestima, cidadania e principalmente o sentimento de pertencimento.
Mediante o descaso, a direção da peça tem pensado em não mais dar continuidade a história do espetáculo e pedem desculpas a toda sua cadeia produtiva que ajuda a realiza-lo todos os anos. Diga-se: Corpo de Bombeiros, Polícias Militar, Civil, e Rodoviária, Água Mineral Serra Branca, Celpe, empresários, cenotécnicos, elenco e a população do bairro do Magano e de Garanhuns e região como um todo
Associação Teatral Jesus Alegria dos Homens
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postagens ofensivas não serão publicadas.