sexta-feira, 21 de abril de 2023

Em Garanhuns, Secult-PE promove encontro com quilombolas de Castainho

 Felipe Souto Maior/Secult-PE/Fundarpe



Quinta edição do SECULT-PE de ANDADA voltou ao Agreste, desta vez visitando o Quilombo Castainho


“Temos na cultura popular a maior riqueza. Resistência negra.” Foi com esses versos do músico Valdir da Silva Pereira, representante da comunidade Tigre, que a equipe do SECULT-PE de ANDADA foi recebida na sede do Quilombo Castainho, nesta quinta-feira (20). A ação realizou escutas com cinco representantes das seis comunidades quilombolas do município de Garanhuns, no Agreste pernambucano.


“Antigamente o quilombo não ser encontrado garantia nossa sobrevivência. Hoje é o contrário”, pontuou Ermeson Araújo da Silva, representante da comunidade do Timbó. Esse depoimento refletiu bem o clima que a quinta edição do SECULT-PE de ANDADA encontrou na região.


As lideranças comunitárias receberam o secretário estadual de Cultura, Silvério Pessoa, equipe e convidados para bater um papo e apresentar suas demandas. A participação da cultura popular no Festival de Inverno de Garanhuns e seu acesso aos mecanismos de fomento, como a Lei Paulo Gustavo, estiveram entre os assuntos mais discutidos.


Participaram ainda do encontro Fany Bernal, Fernanda Limão e Marília Ferro, covereadoras da mandata Fany das Manas; e Márcia Félix, professora de literatura e cultura popular da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape). As comunidades foram representadas ainda por José Carlos Lopes das Silva, José Lopes e Lúcia Quilombola, da Nação Castainho; Michele Romeiro dos Santos, Fabiana Santos, Aparecida Nascimento Olivera, da Nação Estivas; e Cícero Andrade, da Nação Estrela.


O consenso entre representantes locais é de que há uma constante dificuldade para que a cultura funcione e tenha continuidade na região. Márcia, que é ex-integrante do Conselho Estadual de Políticas Culturais, salientou a antiga luta pela existência de um conselho, um fundo e um sistema de incentivo à cultura municipais.


Outras principais necessidades nas comunidades giram em torno de reconhecimento da territorialidade; registro das histórias, músicas e rezas das raízes quilombolas, que são transmitidas por meio da oralidade; investimentos no Polo Castainho no FIG, retomado em 2022; apoio na elaboração de projetos culturais e prestação de contas; retomada do ciclo de festas locais; e resgate de manifestações como mazurca, casa de farinha e banda de pífanos.


“A gente fica fazendo cultura aqui ‘na tora’, para não deixar morrer”, desabafou Aparecida. “Para quem é de fora, Garanhuns é a Suíça Pernambucana”, lembrou José Lopes. “Mas os quilombos têm mais de 300 anos. É uma contradição muito grande.”


Após as escutas, Silvério respondeu que o Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE, compromete-se a encaminhar para a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco as demandas que são da competência da Fundarpe, a exemplo do próprio FIG.


O secretário também solicitou das próprias lideranças um projeto para o Polo Castainho, sugeriu parceria com a gestão municipal e prometeu apoio na criação de um memorial museológico, na retomada do ciclo festivo, na desburocratização de processos como a comprovação de cachês e na presença mais efetivas de artistas das comunidades nos principais palcos dos eventos públicos.


“Foi uma escuta maravilhosa, participativa. Foi muito bom”, avaliou Silvério no fim de mais um SECULT-PE de ANDADA.


O Quilombo Castainho é uma comunidade quilombola localizada na zona rural do município de Garanhuns. Sua origem está relacionada à destruição do Quilombo dos Palmares. A comunidade foi formada a partir dos negros que resistiram e fugiram de Palmares.


As atividades culturais de origens africanas preservam a tradição da comunidade por meio de manifestações como a dança do coco, a dança afro, o afoxé, o maracatu e a dança dos guerreiros.

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