Quando eu era pequeno, meus pais diziam que quando sua orelha esquerda coça, há por ai, nesse mundão de Meu Deus, alguém falando mal de você. A orelha esquerda do prefeito Sivaldo Albino deve ter coçado bastante ontem, por ocasião da 2ª audiência na Comissão de Educação da Alepe para debater, o que o próprio deputado João Paulo (PT), autor do requerimento da reunião, intitulou de Ameaças ao Festival de Inverno.
Convidado, Sivaldo optou por não ir em nem mandar representantes. Na nota de justificativa, a Prefeitura de Garanhuns disse que o debate sobre esse tema estava esgotado e se expirou.
A ausência do Governo Municipal de Garanhuns na audiência foi terreno fértil para as críticas ao projeto de municipalização do FIG. E elas vieram. Os participantes destacaram a necessidade de garantir não apenas a continuidade do FIG, mas a preservação de um formato que contemple as diversas linguagens artísticas, como música, teatro e literatura, além de atividades formativas.
Na avaliação da deputada Rosa Amorim (PT), os fazedores de cultura perdem com a transformação do Governo do Estado, que sempre foi o idealizador do FIG, em mero patrocinador.
"Me preocupo que a gente esteja abrindo um precedente para a privatização e politica de camatorização de um festival que é público", pontuou a petista.
Outra crítica contundente foi feita pela Diretora de Ações Culturais da Fundarpe, Carla Pereira. Ela disse que o que a Prefeitura quer fazer não é FIG. "Não vimos um desencadear de um festival de inverno de Garanhuns, mas sim de shows. Foi colocado que o Festival de Inverno de Garanhuns só tem um e quem vai realizar é o município. “Antes do festival do ano passado finalizar, já foi divulgado pelo prefeito que a gente não faria o Festival de Inverno junto com eles, então, não é uma coisa que o estado, sai, mas sim que o estado foi retirado", disse.
Já o produtor Wagner Staden Egito disse que a ausência da prefeitura de Garanhuns na audiência foi um desrespeito, não ao Governo do Estado, mas a sociedade como um todo.
O deputado Izaías Régis disse que vê uma centralização de poder por parte da prefeitura, que não é bom para Garanhuns. Ele também frisou que não quer ver Garanhuns perdendo e sim ganhando. Na avaliação de Régis, a Prefeitura não tem condições de assumir por completo um festival que chega a contar com 600 profissionais apenas na fase de preparação do evento.
Já João Paulo disse que o festival não pode ser conduzido apenas por uma iniciativa dos governos de ocasião ou para atender interesses empresariais, porque o compromisso do fig é muito maior que tudo isso e precisa ser respeitado. João Paulo ainda disse que vai encaminhar as indagações e críticas feitas na audiência para o prefeito Sivaldo Albino.
FUNDARPE VAI PATROCINAR, MAS NÃO DIZ COM QUANTO
A secretária estadual de Cultura, Cacau de Paula, disse que o anúncio da grade de programação de shows pela Prefeitura de Garanhuns, no último dia 2, fez o Estado tomar a decisão de participar do Festival apenas como patrocinador. As cotas serão pagas com parte da verba que havia sido destinada ao FIG no orçamento deste ano, R$ 17 milhões, e o restante servirá para custear outras iniciativas de fomento e interiorização da cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Postagens ofensivas não serão publicadas.