Em um debate na Rádio Jornal do Recife nesta segunda, 12 de junho, o prefeito de Garanhuns, Izaías Régis, foi confrontado pelo Chefe de Polícia Civil do Estado, o delegado delegado Joselito Kherle do Amaral, quanto à violência no município que administra. É que o Atlas da Violência, divulgado nacionalmente semana passada, colocou Garanhuns como a cidade com menos homicídios de Pernambuco (no rol daquelas que tem mais de cem mil habitantes). Apesar de os dados serem de 2015 e de no estudo não ter entrado os crimes contra o patrimônio, ( roubos, furtos e assaltos), a fama de Garanhuns como cidade pacata correu o estado e pegou.
Também participaram do debate, os prefeitos do Cabo, Lula Cabral, de Igarassu, Mário Ricardo, além do Chefe de Polícia Civil de Pernambuco. Enquanto Garanhuns ficou bem colocada no Atlas da Violência, Cabo e Igarassu apareceram na outra ponta da tabela com índices de homicídios que preocupam.
Indagado pelo radialista Geraldo Freire, mediador do debate, sobre Garanhuns ter sido colocada como cidade mais pacata do estado, Régis, nem disse que sim, nem que não. Afirmou que a região que tem Garanhuns como cidade polo não é muito diferente de Cabo e Igarassu no quesito violência. "O Agreste Meridional tem oito municípios que não possuem um policial após às 18 horas. O nosso 9º BPM, apesar de ser o maior do estado, não tem policiais suficientes para atender a demanda dos 21 municípios sob sua jurisdição", salientou.
O prefeito ainda ressaltou que o Governo Municipal tomou algumas medidas para conter a violência na cidade e elencou, entre uma das principais, ter iluminado os chamados corredores estudantis que são aquelas vias por onde trafegam os alunos de universidades e colégios do município. "Iluminamos esses locais com led, o que ajudou na segurança", frisou o gestor.
Izaías também citou Terezinha como município violento. "No município onde eu nasci ninguém pode mais sair à noite porque não há um policial para proporcionar segurança à população", disse. Régis também afirmou, em uma declaração um pouco exagerada, que todos os bancos do Agreste Meridional já foram explodidos por quadrilhas especializadas. "Não tem mais banco pra estourar na minha região. Já foram tudo pelos ares," disse o prefeito, bem ao seu estilo. Por fim, criticou o fato da região ter 21 municípios e apenas 13 delegados.
O chefe de polícia, apesar de ter demostrado muito conhecimento técnico sobre a situação da segurança no estado, ironizou as reclamações de Izaías afirmando, em tom de brincadeira, que ele (Régis) tinha ido ao debate da Rádio Jornal para comemorar já que Garanhuns aparece, tanto no Atlas da Violência, quanto nos dados do Governo do Estado, como um dos municípios de mais baixa criminalidade de Pernambuco.
Na realidade essa alcunha de cidade tranquila é uma meia verdade e uma mentira e meia. Meia verdade porque, de fato, o número de homicídios registrados anualmente em Garanhuns estão abaixo da média para uma cidade do porte da nossa. Mentira e meia porque, mesmo não tendo índice de homicídios alarmantes, a cidade sofre com uma onda de assaltos, furtos, roubo de veículo e violência contra a mulher, sem precedentes que assusta e amedronta a população. Portanto, se nossa região já é esquecida pelo Governo do Estado quando o assunto é Segurança Pública, a divulgação desses dados pode fazer com que o governador negligencie ainda mais os investimentos que precisam ser feitos no Agreste Meridional, no que tange a aumentar o efetivo do 9º BPM, dotar a unidade com melhor aparato bélico e novas viaturas, abrir delegacias à noite (não só a de plantão), relocar mais agentes e delegados da Polícia Civil para a região, entre outras medidas.
GUARDA MUNICIPAL
Esperava-se que no debate o prefeito Izaías Régis, estimulado pelos seus colegas e pelo comunicador, falasse sobre a atuação armada da Guarda Municipal de Garanhuns. Na campanha do ano passado, o prefeito se revelou favorável a que guardas municipais pudessem trabalhar armados, mas, de lá para cá, não tocou mais no assunto.
No Cabo, após passarem por um rígido treinamento feito pela Polícia Federal, cem guardas municipais receberam armamento para desempenhar suas funções. "Eles passaram por um treinamento conduzido pela PF e agora estão armados, ajudando a PM na luta contra a violência", disse o prefeito Lula Cabral no referido debate.
Já a implantação de armamento para os guardas municipais de Igarassu está em estudo pelo prefeito Mário Ricardo. Ele é comedido ao falar do assunto afirmando que é arriscado dotar alguém despreparado com um armamento letal. Para o gestor da cidade da região metropolitana, o Governo do Estado deveria firmar uma parceria com as prefeituras para que ele ( o Governo do Estado) fornecesse armamento, coletes e treinamento para os guardas municipais.
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