Respeitando a tradição de sempre celebrar figuras expressivas da arte e cultura brasileiras, o 29º Festival de Inverno de Garanhuns anuncia o homenageado de sua edição 2019: o paraibano Jackson do Pandeiro que, nascido em 31 de agosto de 1919, tem seu centenário festejado este ano, em todo país. Honrar a memória e a arte de Jackson é reconhecer sua definitiva influência para a identidade de uma genuína música que nasce nas batidas do cancioneiro nordestino, mas com tal capilaridade que vai chegar em modos de cantar e tocar de artistas de seguidas gerações, movimentos musicais e territórios. A alcunha de Rei do Ritmo não foi uma mera estratégia mercadológica: o suingue, as batidas e as divisões vocais de Jackson foram tão decisivas quanto as impressas por outros grandes do ritmo, como Simonal, Toni Tornado ou Jorge Ben.
O Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe confirma que um grande concerto está sendo montado para ser apresentado ao público do 29º FIG, que este ano acontece de 18 a 27 de julho, em cerca de vinte polos, distribuídos pelo município de Garanhuns.
“Jackson foi um gênio da nossa música e a escola de ritmos que criou influenciou e continua a influenciar gerações de artistas. As divisões rítmicas que criou com a voz, somado às batidas do seu pandeiro, ao mesmo tempo a uma poética diversificada, lhe conferem uma sofisticação e um lugar de destaque no hall dos maiores nomes da MPB. É uma honra realizar o FIG 2019 tendo Jackson como homenageado, no ano do seu centenário”, destaca o secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto.
HISTÓRIA - Além do centenário, Pernambuco tem outro motivo bem especial para render homenagem a Jackson. Foi aqui no estado que o artista consagrou seu nome e estourou para todo país. Nascido José Gomes Filho, apesar da infância dura, brincava de ser artista desde pequeno. Criou um personagem de filme de faroeste, o bandido Jack Perry. Depois que o pai, o oleiro José Gomes faleceu, ele mudou-se com a mãe, a artista popular, cantadora de cocos Flora Mourão, para Campina Grande. Em Alagoa Grande, onde nasceu, já acompanhava Dona Flora em suas apresentações, tocando zabumba. Mas foi em Campina que começou a tocar pandeiro e o nome do Jack, seu personagem de infância, serviu bem para codinome artístico: virou Jack do Pandeiro.
Cinema e música eram o que dava alegria a Jackson. A feira da cidade era o endereço para se encontrar com os emboladores de coco e repentistas. Aos 17 anos, a arte falou mais alto e Jack finalmente foi tocar como percussionista do conjunto musical do Clube Ipiranga, em Campina Grande. Começou a fazer sucesso na cidade quando, já se assumindo como um artista solo, Jack do Pandeiro, começa a fazer dupla com José Lacerda, irmão mais velho de Genival Lacerda.
Antes de vir morar no Recife, passou um tempo em João Pessoa, onde tocou em cabarés e depois foi contratado pela Rádio Tabajara, atuando com o nome artístico de Zé Jack. A fama só crescia e, quando chegou ao Recife, em 1948, foi para trabalhar na Rádio Jornal do Commercio. Jack foi convencido finalmente a mudar o nome para Jackson do Pandeiro, que lhe conferia uma maior força sonora.
Foi em Pernambuco, em 1953, que Jackson, formando dupla com o já famoso Rosil Cavalcanti, gravou seu primeiro disco. O compacto 78 rpm, lançado pelo selo Copacabana, continha as músicas que lançariam seu nome para todo país: Sebastiana, de autoria de Rosil; e Forró em Limoeiro, de Edgar Ferreira. Foram muitos os feitos, os marcos, os discos, os sucessos. O que Jackson criou foi tão único e grandioso que permanece vivo, pulsante, irresistível. Salve Jackson do Pandeiro!